A indústria imobiliária precisa de algo mais do que “cavalos mais rápidos”

A indústria imobiliária é uma das mais relevantes para a economia mundial, movimentando milhares de milhões anualmente. No entanto, paradoxalmente, continua a ser uma das mais resistentes à mudança. Muitos dos seus processos, sobretudo os administrativos e documentais, continuam a ser conduzidos da mesma forma que há 20 ou 30 anos.
O setor evoluiu significativamente no digital em áreas como marketing, comunicação e promoção de imóveis, mas quando olhamos para a gestão processual – a verdadeira espinha dorsal das transações – encontramos uma realidade ainda demasiado “old school”. Esta disparidade é particularmente frustrante numa indústria que é, essencialmente, e como Massimo Forte diz, um negócio de pessoas para pessoas.
O paradoxo humano numa era digital
É fascinante observar que, enquanto sociedade, já interiorizámos a importância da tecnologia em quase todas as dimensões da vida – desde pedir comida através do telemóvel até viajar com bilhetes digitais – no imobiliário continuamos a aceitar como normal processos longos, manuais e sujeitos a erros humanos para análise documental, comunicação com entidades públicas ou formalização contratual.
Esta contradição é ainda mais evidente quando consideramos que as transações imobiliárias são profundamente centradas nas relações humanas. São momentos de vida marcantes – comprar a primeira casa, investir nas poupanças de uma vida, encontrar o lar perfeito para a família ou melhor investimento. Cada negócio carrega sonhos, expectativas e, muitas vezes, ansiedades que apenas o toque humano consegue verdadeiramente compreender e gerir.
No entanto, este precioso capital relacional fica frequentemente sufocado por burocracias arcaicas e tempos de resposta que já não se adequam aos ritmos em que vivemos. Os profissionais veem-se obrigados a dedicar horas preciosas a tarefas administrativas repetitivas, quando poderiam estar a fazer o que realmente importa: construir confiança, compreender necessidades específicas dos clientes e criar soluções personalizadas.
O custo da inércia
Este cenário não é apenas um problema de eficiência, é uma questão de competitividade e, sobretudo, de qualidade do serviço humano. Num mundo em que a velocidade de resposta e a fiabilidade dos dados são fundamentais, manter práticas antiquadas significa não só perder tempo e oportunidades, mas também comprometer a qualidade da experiência que oferecemos aos nossos clientes. Quando um consultor imobiliário passa horas a preencher formulários ou a aguardar respostas burocráticas, está inevitavelmente a subtrair tempo que poderia dedicar ao que nenhuma máquina consegue fazer: escutar atentamente, tranquilizar em momentos de incerteza, negociar com sensibilidade ou antecipar necessidades não expressas.
A verdadeira revolução: libertar o potencial humano
Henry Ford dizia que, se tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, a resposta teria sido “cavalos mais rápidos”. Ele não lhes deu isso – deu-lhes o automóvel. O que acontece hoje no imobiliário é algo semelhante. Muitos profissionais pedem soluções que apenas acelerem ou digitalizem superficialmente práticas antigas. Mas o verdadeiro salto qualitativo só acontece quando aceitamos substituir o cavalo por uma nova forma de pensar o processo.
É neste contexto que soluções tecnológicas disruptivas, como a que a VeriCasa desenvolve, ganham particular relevância. Ao criar um ecossistema orientado para a gestão processual com precisão, segurança e integração, o objetivo não é simplesmente acelerar rotinas antigas. É libertar os profissionais para que possam dedicar o seu tempo às tarefas verdadeiramente produtivas e distintivas: negociar com habilidade, acompanhar clientes com dedicação, fechar negócios com confiança, pensar no clausulado ideal para cada situação específica.
A tecnologia deve servir para amplificar o factor humano, não para o substituir. Deve eliminar a fricção burocrática para que possa florescer aquilo que torna cada transação imobiliária única: a capacidade de compreender pessoas, as suas circunstâncias e os seus sonhos.
O futuro é humano, mas potenciado pela tecnologia
Naturalmente, toda a mudança encontra resistência. O ser humano é feito de hábitos e a inércia cultural é forte, especialmente numa indústria tradicionalmente conservadora. Mas a história mostra-nos consistentemente que quem consegue ultrapassar essa barreira inicial ganha vantagem competitiva significativa e redefine padrões de mercado. No imobiliário não será diferente.
Os profissionais que abraçarem esta transformação não estarão apenas a adoptar nova tecnologia – estarão a redescobrir a essência do seu papel: serem verdadeiros consultores e especialistas em compreender e satisfazer necessidades humanas complexas.
O desafio está lançado: queremos continuar a pedir cavalos mais rápidos, mantendo os nossos talentos presos a tarefas burocráticas, ou aceitamos finalmente entrar no automóvel e devolver aos profissionais imobiliários o tempo e o foco necessários para fazerem aquilo que fazem melhor – conectar pessoas aos seus lares ideais ou investidores aos projetos certos?
A revolução não está apenas na tecnologia. Está em redescobrir e potenciar o lado mais humano do negócio imobiliário.
Artigo da Vericasa para o blog Massimo Forte.