27 de Abril, 2022

A Pessoa Certa

Massimo Forte

Com o contínuo aumento de número de agentes e agências na atividade de mediação imobiliária, e com o mercado a não dar sinais de abrandamento, os recrutadores trabalham a um ritmo alucinante para captar interessados neste modelo de negócio e, não menos importante, para reter talentos.

Este ritmo e necessidade de recrutamento está muito associado aos modelos colaborativos deste negócio que assentam na remuneração através de comissão repartida sobre uma transação. Os agentes imobiliários das empresas líderes do setor recebem geralmente a grande parte da fatia da comissão e a agência tem vindo a diminuir a sua percentagem nos ganhos de comissão, o que faz com que os empresários das agências imobiliárias que em Portugal chamamos normalmente de Brokers, tenham de desenhar a sua estratégia de negócio baseada num negócio de volume de agente produtivos, e por vezes até menos produtivos para conseguirem obter uma rentabilidade interessante com um negócio baseado em escala, ou seja, em captação do maior número possível de agentes.

Claro que existem diferentes modelos em que as comissões pagas aos agentes são mais baixas e equilibradas com a estrutura de apoio que lhes é fornecida (tecnologia, staff, mentoring, formação etc), o que faz com que estas empresas não assentem o seu modelo de negócio em volume de agentes concentrando-se por exemplo no valor da transação. Por vezes, conseguem obter rentabilidades mais interessantes, mas como costumo dizer, os modelos não se discutem, têm é de funcionar para cada pessoa.

E ainda bem que existem formas diferentes de estar nesta atividade, enriquece o setor e oferece mais opções para cada tipo de perfil de empreendedor.

Independentemente do modelo que esteja a seguir, há algo que não descurar: a conjuntura.

Neste momento estamos a viver um momento de ansiedade conjuntural, a inflação associada à incerteza, escassez e escalada de preços de recursos energéticos continua a subir e as taxas de juro para crédito à habitação, começam a dar sinais claros de tendência inevitável de subida.

A vida para todos e claro, para os portugueses, começa a ficar mais difícil acionando todos os sinais vermelhos no painel de navegação de qualquer gestor e empreendedor.

A mediação imobiliária não pode por isso ficar impávida e serena, mesmo perante os bons resultados que tem vindo a apresentar.

E é por isso que este é o momento certo para rever o seu modelo de negócio, e todas as estruturas de custos associadas. É o momento para se preparar para qualquer cenário, e saber exatamente como tem de agir perante cada variável. Este é o momento da liderança.

Inspirado pelas várias leituras do especialista norte-americano em mediação imobiliária    Trinstan Humada, e porque gosto de citar (e não copiar como muitos) quem me inspira sem preconceito, partilho aqui os princípios de liderança que deve seguir e aplicar para manter a esperança na solidez do seu negócio e principalmente das suas pessoas:


Inovação.

Um líder nato está constantemente à procura de oportunidades para criar impacto, seja no que faz no seu dia-a-dia, observando e pensando no que pode fazer de forma diferente para melhorar, seja na visão para o seu negócio, criando formas para o fazer evoluir.


Sistemas.

Todos os líderes sabem que saber desenhar, implementar, seguir e medir sistemas e processos através de passos repetidos que possam ser facilmente duplicados, tem uma importância vital para o seu presente e futuro. Sem sistemas e processos, não há forma de fazer crescer e escalar o seu negócio.


Pessoas sempre em primeiro lugar.

Todos os grandes e verdadeiros líderes valorizam, respeitam e sabem a importância que tem a comunicação com as suas pessoas. Pense nisto, sem as pessoas certas, não irá rápido a lado nenhum…

Consciência.

Pode chamar-lhe de inteligência emocional, consciência social, ou o que achar melhor para si. A verdade é que como líder, tem de ter consciência do impacto que cada um dos seus atos, exemplos e palavras têm em cada uma das suas pessoas. Num cenário de incerteza, esta capacidade será crucial para si e é o que separa o trigo do joio da liderança…


Resiliência.

Com tudo o que pode correr mal no seu negócio e na sua vida, tem de ter a paixão e garra necessária para o fazer continuar até ao fim, especialmente quando tudo se torna muito mais difícil. Para quem lidera o caminho e por vezes um caminho difícil, a resiliência é sem dúvida uma atitude essencial.


Bondade.

Com tanto ódio, raiva e crueldade de opiniões, a bondade e a serenidade parecem ser características perdidas em algumas formas de liderança. Todos os grandes e verdadeiros líderes têm a coragem de assumir a sua compaixão e bondade como uma força, e não como uma fraqueza. Liderar com amor, esperança e graciosidade, significa que lidera com bondade porque soube colocar o seu ego de parte para agir verdadeiramente de forma empática.

Como líder tem de saber que chegou o momento para se preparar a si e à sua equipa para qualquer cenário. Tem de saber olhar para o seu negócio e para as suas pessoas para perceber verdadeiramente o caminho melhor para ambos.

Quando estiver a recrutar, pense bem na pessoa que tem à sua frente, pense no que ambos têm a ganhar, e principalmente, responda com sinceridade a esta pergunta:

– É a pessoa que quer liderar para o ajudar a fazer crescer o seu negócio no futuro próximo que se avizinha?

Artigo original de Massimo Forte publicado na bolsa de especialistas da VISÃO aqui

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