Criatividade e Escrita Criativa. Artigo de opinião João Geada

Desafio: Criar um texto sobre a criatividade e escrita criativa.

Ao ser confrontado com desafios, o cérebro humano educado e respeitador, segue as normas e convenções sob as quais foi formatado, o sistema operativo da sociedade industrial e financeira, e debita os conceitos devidamente estudados, ou forçados, sobre o assunto, assim como os preconceitos adquiridos por processos similares.

Já o cérebro treinado em criatividade, brinca com a sua própria inteligência e, por exemplo, faz isto:

• Criatividade é natural, é humana, é presente;
• É confronto e paz é estar aqui e ausente;
• É evitar rigidez, é conseguir distanciamento;
• É calor e é frio, é reflexão e pensamento;
• É deixar tudo fluir, é fazer como um poeta;
• É deixar o cérebro voar, é transformá-lo em cometa;
• É soltá-lo totalmente das regras, da gravidade e da atração;
• É deixar a consciência sem barreiras, é soltar a imaginação.

Sabes-se já muito como tudo isto é possível, mas há ainda muito por descobrir também.

Sabe-se que todos nascemos criativos, afinal é a criatividade e não apenas a inteligência que nos tem permitido sobreviver e evoluir.

Sabe-se que assim nos mantemos durante uns anos, mas por voltas dos 20, 30, a maioria de nós perdeu a mais engenhosa das nossas capacidades.

Sabe-se que isto tem a ver com a escola e com a sociedade, intolerantes ao erro, construídas segundo o modelo industrial e com dificuldades em adaptarem-se a um mundo envolvido em mudanças muito rápidas.

E finalmente sabe-se que temos de elevar a criatividade ao nível da literacia, de forma a adaptar-nos todos a realidades que vieram e ainda aí vêm, onde o advento da inteligência artificial, mudará todo o sistema sócio-económico mundial.

E ACERCA DE ESCRITA CRIATIVA?

O processo criativo é igual, ou semelhante, para todos e para todos os outputs:

• Informação e conhecimento + análise + abstração + trabalho, elevados a uma boa dose de persistência e de resiliência.

Não existe uma receita para escrever de forma criativa, existe sim o domínio da linguagem e a capacidade de levar as palavras e as suas conexões a sítios por onde nunca andamos, e isto só se consegue de uma forma: Tentativa e erro.

Caixotes cheios de papel até encontrar aquela forma que faz sentido, seja porque a ‘música’ do texto é diferente, seja porque os significados e significados são combinados de forma original, ou porque as metáforas e parábolas são particularmente inesperadas.

Também aconselho escrever tudo de uma vez e só depois nos preocuparmos em rever. Se travamos o texto a cada dúvida gramatical, saímos do momentum criativo e pomos o nosso cérebro em modo linear novamente.

Esse vai ter medo de errar e quem não está disposto a errar, nunca fará nada de original na vida.

Artigo de opinião, João Geada, Creative Director at J. Walter Thompson