Fiz um livro que continua a vender…
Tenho sido convidado para diversas workshops, palestras e entrevistas para explicar como consegui ter tanto sucesso na edição própria do meu primeiro livro. Como gosto de partilhar a minha história, costuma funcionar sempre muito bem, pois além de ser verdadeira, as pessoas querem, procuram e gostam de uma boa narrativa que as ajude a inspirar, e quem sabe, que faça que se aventurarem na “viagem” que é fazer um livro. Contudo, este artigo será um pouco diferente, vou colocar aqui as principais questões que me debati e que tive de responder, de uma forma aberta e sincera, tentando assim dar-vos a conhecer as possíveis respostas que levaram ao êxito deste meu primeiro livro.
1. Qual é o seu propósito?
Tem de existir um motivo válido e forte que tem de vir de dentro, para fora, nunca ao contrário. O livro não é nosso, é para as pessoas, o propósito é nosso, mas é para ser partilhado com o exterior. Eu não o encontrei logo, demorei tempo, 1 ou 2 anos, mas encontrei-o, posso dizer que foi um processo de reflexão inconsciente. Não façam um livro a pensar que irão fazer dinheiro, não me parece um bom propósito, se o livro for bom para os outros, o resultado financeiro, bem como o reconhecimento, será sempre uma consequência.
2. Sabe escrever?
Era uma dúvida que persistia no meu consciente. Fui muito ao meu passado, inclusive escolar, para perceber se tinha aptidão e também prazer em escrever. Comecei a ensaiar escrevendo artigos e desenvolvendo o pensamento através da escrita. Fui eu que escrevi o meu livro, mas é claro que existem sempre os revisores de texto que antes da edição o vão corrigir, no entanto, o conteúdo e o estilo terá de ser nosso. Existe sempre a possibilidade de recorrer a um escritor-fantasma ou ghost writer em inglês, mas se o fizerem, o livro nunca será verdadeiramente vosso, nunca serão vocês que estarão espelhados nas páginas, nunca terão o gozo de o escrever e posteriormente, de o ler, em suma, não será autenticamente vosso, por isso, mesmo não sabendo escrever, é crucial que o faça e que posteriormente peça um apoio editorial no sentido de melhorar o discurso, mas nunca o seu conteúdo.
3. Para quem vai escrever?
Não basta ter um propósito e saber escrever, tem de fazer a sua pesquisa, o seu benchmarking, ou seja, tem de saber se o seu tema é relevante, se for, para quem e tem de saber se já se escreveu sobre o tema para pesquisar o que já se disse e o que pode ainda ser dito para que possa verdadeiramente contribuir com o seu ponto de vista. Terá de definir muito bem quem é e onde está o seu mercado, qual a sua dimensão e se o que escreve, é relevante e diferenciador para esse mercado. Volto a referir que na minha opinião, um livro não deve ser um ato isolado ou de egocentrismo, um livro deve ser para os outros e não apenas para quem o escreve, mas atenção tem de haver mercado, os outros terão de existir.
4. Está disposto a investir em Marketing e Imagem?
Não se pode apenas ser, mas sobretudo será fundamental parecer. Eu investi muito na imagem do livro, na qualidade dos materiais, na fotografia e na ilustração. Tudo foi pensado de forma cuidada e coesa com um bom aconselhamento editorial. Apostei igualmente no marketing pessoal desde cedo, percebi que as pessoas querem saber quem escreve e não apenas a forma como escreve. Muito importante, a congruência daquilo que somos na escrita e nas ideias que transmitimos, com aquilo que aparentamos visualmente, e porque não, também verbalmente, pois inevitavelmente, terão de falar, terão de comunicar.
5. Sabe o que envolve o esforço da distribuição?
Na primeira edição, vendi 1000 livros em 4 meses (neste momento já vou na 3ª edição). O meu livro é uma edição de autor, por isso tudo é feito de forma independente. Claro que tenho pessoas que me ajudaram e fazem parte do meu projeto, mas as decisões são minhas, tal como o esforço, mas tenho uma vantagem, tal como o livro, também o lucro é de facto meu. Devo desde já dizer que a distribuição não é fácil quando estamos sozinhos, mas dá muita satisfação ver os livros a serem vendidos a cada dia que passa, temos a real noção do seu sucesso. Para que a distribuição funcione, há que planear os lançamentos, e não apenas nas cidades mais importantes, temos de estar dispostos a percorrer o país para divulgar e garantir o sucesso aceitação e distribuição. Quando faço palestras, formação, workshops o meu livro está sempre presente, literalmente viajo com a mala do carro preparada para comunicar e distribuir o meu livro! Também o canal on-line é essencial para promoção, as redes sociais são meios fantásticos para divulgar e principalmente comunicar e interagir com o seu público, mas antes de mais, é importante verificar se o seu público esta realmente nas redes sociais.
6. Vai conseguir manter o seu livro no topo?
Sempre ouvi dizer que o difícil não é chegar ao topo, mas sim manter-se no topo. Para me manter no topo aprendi que não se pode parar, fazer é a palavra de ordem, continuar a fazer, é a regra. Gira o seu livro como uma marca que nunca mais acaba e acredite, explore novos mercados, divulgue-o de formas criativas, crie discussões à volta dele, atualize-o e continue a acreditar. Aplique o marketing de manutenção, já não vai percorrer o país de lés a lés, mas vai ter de continuar a estar presente, o canal on-line será uma ajuda preciosa. Responda sempre aos seus leitores e fãs, são eles quem o vão manter no topo. Não se preocupe se as vendas não tiverem a mesma performance, é normal que haja uma descida quando o produto entra em velocidade cruzeiro, o que importa é continuar a vender.
7. Como vê o seu futuro e evolução?
Através do canal online, e não só, cheguei a outros países de forma tímida e sempre experimentado, ou seja, fazendo. Não está a ser fácil, mas depois de muita insistência e tentativas começo a ter frutos, ou seja, começo a ter perspetivas de edição fora do país. Outra estratégia da evolução futura que estou a aplicar é a continuidade. Tal como muitos autores, os meus leitores querem mais, querem uma evolução, como o meu propósito continua claro, eu continuo a querer escrever, por isso, o meu segundo livro estará em breve editado, mas sempre seguindo uma premissa muito importante, será sempre uma evolução do primeiro, e não apenas uma substituição. Tal como Carlos Coelho disse, vou …“contar uma história muito sedutora que nunca acaba e que continua no dia seguinte”
Carlos Coelho | Uma das grandes referências portuguesas no domínio da construção e gestão de marcas, ao longo de 20 anos, conduziu centenas de projetos de algumas das marcas mais relevantes em Portugal. É autor do livro “Portugal Genial’’ e co-autor do livro “Brand Taboos”. É professor, colunista, comentador de televisão e colaborador de inúmeras publicações nacionais e estrangeiras.
Artigo publicado no www.empreendedor.com