O verdadeiro oceano azul não é apenas o digital
Há mais de 15 anos o canal digital começou a transformar definitivamente e indubitavelmente o mercado imobiliário.
De uma forma quase abrupta surgiu um novo mundo de oportunidades e uma plataforma de posicionamento com um alcance que o tornaria um verdadeiro oceano azul onde os websites, o email marketing e as redes sociais pareciam ser o único caminho futuro e absoluto.
Recordo-me bem. Em 2013 comecei a gravar vídeos de quinze em quinze dias para o meu recente canal de YouTube para partilhar no digital aquilo que já partilhava todos os dias presencialmente falando sobre o que mais gosto: elevar profissionais da mediação imobiliária.
Na altura foi um grande investimento e foi difícil, poucos faziam o mesmo.
Hoje nas redes sociais, os vídeos de conteúdo surgem “como cogumelos” e muitas vezes congratulo-me pois verifico que seguem ainda hoje os formatos e ideias que reconheço dos meus primeiros projetos.
Em 2015 lancei mais uma vez um conteúdo diferente, as entrevistas “De Pessoas para Pessoas” que hoje ainda se encaixam em videocast ou podcast que passo em vários canais e redes.
Na altura foi diferenciador, mas hoje eu próprio tenho dificuldade em eleger conteúdo nos milhares podcasts disponíveis a que recorro todas as semanas.
Em 2016, de forma espontânea, e porque queria continuar a interagir com a minha comunidade de forma mais próxima, lancei um plano de lives noturnos no Instagram com o famoso copo de vinho tinto que me acompanhava sempre para falar sobre imobiliário. Comecei com uma vez por mês e depois passaram a quinzenais, formei uma verdadeira comunidade, genuína e próxima.
Em 2018 nasceu a REAL cujo acrónimo significa Real Estate Advance Learning.
A REAL é ainda hoje a minha plataforma de e-learning com conteúdos de vídeo interativos, mais um passo na exploração do potencial do digital.
Em 2020 veio a pandemia e com ela o digital e programas como o zoom explodiram.
O oceano azul de repente mudou de cor, tornou-se vermelho.
O que era novidade passou a ser ruído, o que era diferenciação passou a ser saturação e o digital que era o espaço privilegiado da autenticidade e da inovação, tornou-se um lugar onde o mais importante era captar atenção a toda a hora e a qualquer custo.
Hoje formadores, agentes, brokers e marcas competem pela visibilidade muitas vezes sem ética e sem verdade, porque impera a política da cópia, como diria Seth Godin, transformou-se num exercício de interrupção e disfarce, em vez de conexão e confiança.
O novo oceano azul começa a crescer fora do ecrã, o contacto pessoal, o aperto de mão, o café partilhado, o evento que cria laços reais é o networking com intenção que hoje se torna essencial para a diferenciação na gestão de relação com o cliente onde a conexão e o tempo dão a cara a bases de dados que representam e sempre representaram pessoas, não números.
Para mim, e para muitas outras pessoas que procuram autenticidade, o novo oceano azul está nas relações humanas, no reencontro com o essencial, na empatia, na escuta e na confiança, tudo o que afinal, sempre fez mover o setor imobiliário.
A minha estratégia não passa por escolher entre o digital e o offline, passa sim integrar os dois gerindo o equilíbrio entre os dois mundos, mas sempre com uma consciência nova: o digital deve servir o humano, não o deve substituir.
Lembrem-se do que sempre disse, desde o meu primeiro livro e no meu primeiro vídeo, este negócio, é de pessoas, para pessoas.
Artigo de Massimo Forte para o Imovirtual