06 de Janeiro, 2023

O Imovirtual acaba de lançar o barómetro anual. Preço anunciado de venda cresce + 9% face a 2021. Será que os preços vão continuar a subir?

Massimo Forte

O Imovirtual acaba de divulgar o seu barómetro anual baseando-se em dados disponíveis na sua plataforma no qual analisa a evolução dos preços médios anunciados de venda e arrendamento em Portugal.

A conclusão que se retira: Comprar casa em Portugal foi mais caro em 2022.

O preços médios anunciados de venda aumentaram 9% face a 2021, 14,5% face a 2020 e 21,8% face a 2019.

Madeira, Setúbal e Évora são os distritos que se destacam com o maior aumento do preço, no que diz respeito à oferta de quem procura a compra de casa.

Quanto aos valores médios anunciados de arrendamento, verificou-se um crescimento de 24,8% voltando a valores aproximados aos anos de 2019 com um valor de renda média anunciada atual de 1.269€ depois de se verificar uma redução em 2021 e 2020 em que estes valores eram de 1.017€ e 1.080€.

ARRENDAMENTO

Em 2022, os distritos mais caros para arrendar, com rendas acima de mil euros, foram Lisboa (1.655€), Porto (1.195€), Faro (1.163€), Madeira (1.105€) e Setúbal (1.032€). Pelo contrário, os mais baratos foram Portalegre (368€), Vila Real (495€) e Bragança (527€).

Comparando 2022 com 2021, é Évora que regista o maior aumento de renda (+55,5%), passando de 562€ para 874€. Seguem-se Faro (+39,6%), onde sobe de 833€ para 1.163€, Viseu (+37,1%), onde sobe de 473€ para 649€, e Castelo Branco (+36%), onde sobe de 410€ para 558€. A única quebra ocorre em Portalegre (-4,6%), o distrito mais barato.

Relativamente a 2020, a renda sobe sobretudo em Évora (+61%), onde na altura se fixava em 543€. Também a Guarda (+54,9), que sobe de 351€ para 544€, e Faro (+40,7%) registam aumentos elevados. Não há quebras do valor de renda na comparação de 2022 com 2020, com o aumento mais baixo em Portalegre (+7,4%).

Face a 2019, a renda aumenta sobretudo na Guarda (+51,8), onde na altura era de 358€, e em Évora (+51,5%), onde era de 577€. Também Santarém (+42,6%) aumentou de 484€ para 690€. Comparando estes dois anos, não há quebras do valor de renda, com os aumentos menos significativos a acontecer em Lisboa (+4,4%) e em Vila Real (+5,6%).

VENDA

O preço médio de venda anunciado em 2022 foi de 395.458€ e tem vindo a aumentar nos últimos quatro anos. Este valor foi +21,8% acima de 2019 (324.559€), tornando-se 70 mil euros mais caras. Em relação a 2020 (345.412€), o valor aumentou +14,5% e em relação a 2021 (362.870€) aumentou +9%.

Lisboa (626.246€), Faro (550.399€) e Região Autónoma da Madeira (439.666€) mantiveram-se os distritos mais caros em 2022. Inversamente, Guarda (114.054€) e Portalegre (118.496€) permaneceram os locais mais baratos para comprar casa.

Comparativamente com 2021, a Madeira foi um dos distritos com maior aumento do preço em 2022 (+22,3%), subindo de 359.513€ para 439.666€. Segue-se Setúbal (+21,1%), onde sobe de 299.655€ para 362.846€. A única quebra de preços face a 2021 ocorreu em Bragança (-11,3%), baixando de 218.494€ para 193.825€.

Face a 2020, a Madeira volta a ser o distrito com maior aumento do preço de venda em 2022 (+35,1%), que nesse ano tinha o valor de 325.382€. Os preços também aumentam de forma relevante em Setúbal (+27,9%), onde em 2020 o valor era de 283.641€, e em Évora (+27,7%), subindo de 204.690€ para 261.335€. Neste período de análise, as quebras de preço ocorrem em Bragança (-10,8%) e Portalegre (-2,8%).

Em relação a 2019, o preço de venda aumentou sobretudo em Évora (+45,9%), onde se fixava anteriormente em 179.081€. Os preços também aumentaram significativamente na Madeira (+41,7%), onde se fixava em 310.244€, e em Setúbal (41,5%), onde se fixava em 256.436€. Inversamente, face a 2019 as quebras de valor de venda mais significativas aconteceram também em Portalegre (-21,9%) e Bragança (-11,2%).

Segundo a opinião de Diogo Lopes, Marketing Manager do Imovirtual

“…esta análise macro do mercado imobiliário, nos últimos quatro anos, acaba por mostrar que o mercado de arrendamento, que tem visto o preço a aumentar, apenas se reajustou de forma a voltar aos valores de 2019. Já o mercado de venda, apresenta aumentos apresenta-nos aumentos significativos face aos últimos 3 anos. No entanto, quando comparado do ponto de vista mensal, observamos apresenta uma estagnação destes valores, sendo que as tendências atuais apontam para a estagnação do preço de venda e o aumento do preço do arrendamento”, prevê-se ser esta a tendência dos próximos meses no imobiliário, algo que pode ser influenciado pela instabilidade das taxas de juro e da maior cautela por parte dos compradores…”

Segundo a minha opinião:

Apesar de serem indicadores de valores de asking price, podemos retirar destes uma previsão de tendência de mercado e possivelmente, até algumas conclusões.

A primeira de todas tem a ver com a resiliência do mercado durante o período pandémico que permitiu a continuidade da escalada de preços, o que na minha opinião, se torna claramente preocupante.

Segundo o barómetro do Imovirtual, desde 2019 que os imóveis se tornaram em média 70 mil euros mais caros, e sabendo que o poder de compra dos portugueses não aumentou o suficiente para fazer face a esta subida a que se acrescenta a subida recente da taxa Euribor e o agravamento da inflação, a pergunta que deixo para me darem a vossa opinião é:

“… A partir deste ano de 2023, as pessoas do segmento baixo, médio/baixo e até médio poderão continuar a comprar casa se nos mantivermos num cenário de subida de preços?”

Alguns profissionais da mediação imobiliária defendem a teoria que estas pessoas vão vender as suas casas a valores igualmente altos e que por isso, terão liquidez para fazer face a uma subida de preços, até pode ser, e este ciclo tem-nos acompanhado nos últimos anos, mas a segunda pergunta que deixo é:

“… quem compra estas casas com preços mais altos e hoje até inacessíveis para os segmentos atrás referidos?”

Pela minha experiência, quem faz o preço é o comprador, e se a maior parte dos compradores não conseguirem acompanhar as subidas, o mercado terá tendência na primeira fase a estagnar e depois baixar.

Uma palavra também para arrendamento.

Sobe de forma geral devido à extrema escassez e por isso não pode ainda ser alternativa para os segmentos que referi. No futuro, esta tendência poderá inverter-se.

Para quem tem vindo a acompanhar este barómetro mensalmente, regista-se sem surpresas as subidas mais evidentes nas regiões do Porto,  Grande Lisboa, Algarve e Madeira, curioso, tudo regiões altamente condicionadas de forma positiva pelo Turismo e pelos investimentos que implica ao nível do imobiliário. Mais uma vez denota-se uma macrocefalia acentuada, destacando-se de forma oposta a cidade de Évora.

Apesar de dados que indicam crescimento, este crescimento tem vindo a ser cada vez menor demonstrando um ténue abrandamento. Será que os preços vão continuar a subir?

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