O marketing de conteúdo está a morrer…
Considerado nos últimos 20 anos como fator chave de sucesso para qualquer estratégia, o marketing de conteúdo tem vindo a perder qualidade em detrimento da quantidade com cópias de cópias de informação que se vão perdendo na sua origem e originalidade.
Infelizmente o marketing de conteúdo está hoje muito doente e cada vez mais “obeso” pelo uso abusivo de fast-content que muitos já não conseguem assimilar e outros consideram mesmo que poderá estar a morrer se se mantiver a mesma estratégia de produção em massa de desinformação, cópia ou mensagens de promessas de fórmulas mágicas para o que quer que seja interessante de tornar em consumo rápido de sucesso.
Mas o que levou a esta tendência de produção em massa e vazia de conteúdo em que a velocidade tem de imperar?
Inspirado por várias leituras e autores que falam sobre este tema, e principalmente pela minha experiência prática como autor de um blog com milhares de artigos redigidos efetivamente por mim, acredito que o que levou à tendência de comoditização ou vulgarização de conteúdo foi a proliferação da necessidade de presença constante nas redes sociais. As redes socias em si são uma excelente ferramenta, agora o que cada um de nós escolhe como conteúdo para as alimentar, isso é outra história….
Os produtores de conteúdo original, fidedigno e relevante têm a dura tarefa de pensar de forma crítica e trabalhar horas e horas para criar vários formatos de conteúdos sejam vídeos curtos, quotes, carrosséis, stories, reels, entre outros para que passado poucos minutos vejam a replica do seu trabalho adulterada e proliferada e infelizmente, sem qualquer ética. Perde-se a fonte, perde-se a autenticidade, ganha-se desconfiança e entra-se numa espiral de desinformação.
A invasão em massa de toda e qualquer pessoa que é pressionada para produção de pseudo-conteúdos com a promessa de monetização da sua oferta, faz com que pessoas com menos capacidade de produção de conteúdo relevante sejam tentadas a copiar conteúdo de outros sem oferecer realmente algo de si ao seu público.
Isto cria uma reação em cadeia de conteúdos repetidos com cada vez menos relevância e utilidade para quem os vê repetidas vezes e muitas vezes fora de contexto, pois o que acontece é que o conteúdo gerado por muitas pessoas, depois não corresponde à sua capacidade real de o explicar ou desenvolver num contexto presencial.
Esta tendência foi alavancada pela pandemia que fez com que novos “influenciadores” entrassem em massa nas redes munidos de funis mágicos alimentados com recurso ao mais variado tipo de conteúdos para: emagrecer e ficar em forma; obter felicidade e paz de espírito; a ganhar dinheiro e tudo com a mesma promessa: fácil – rápido – eficaz.
O objetivo é atingir uma fama digital imediata.
Uma fama medida em likes através de investimento em alcance (dos ditos “seus” conteúdos) e do aumento de número de seguidores (seja a que preço for) e a oferta é enorme, desde o guru das vendas que surgiu do nada e sem grandes resultados para apresentar (em alguns casos, só promessas), até ao guia espiritual e inspiracional que o levará a concretizar todos os seus sonhos em poucos segundos…
E é por isso que hoje temos um novo consumidor digital completamente viciado no consumo de conteúdo rápido e principalmente grátis.
O Facebook já nos tinha alertado para esta tendência há alguns anos atrás quando referiu que, o que importa são as ligações com as pessoas, e não propriamente a qualidade dos seus conteúdos, mas agora está a perceber que também ele pode sofrer com a sua estratégia, veja-se o seu principal concorrente, o Tik Tok que consistentemente ultrapassa o Facebook e também a rede que o sucederá, o Instagram.
Se a sua estratégia de fidelização foi pensada para fornecer conteúdo e experiência genuína de forma relevante e séria, que apesar de gratuita, não entra em promessas imediatas que não possam ser cumpridas, pense bem, pois vai ter de ser muito consistente e remar contra a maré de pessoas que prometem tudo, no menor espaço de tempo possível e por um valor promocional muito reduzido que cavalgam em funis apoiados por gatilhos mentais e algoritmos que levam a persuasão ao extremo da manipulação tirando uma coisa fundamental às pessoas que consomem esta informação: a sensação de livre escolha na opção da compra e a descredibilização do conteúdo e autoridade de todo o setor baseada numa má experiência de promessa superior à real oferta.
Hoje temos um novo consumidor digital focado no que pode fazer por ele.
Não se interessa pelo seu produto, pela sua empresa, nem mesmo por si, e uma coisa é certa, a vontade de apostar na disponibilização alargada e indiferenciada de conteúdo de qualidade e autêntico, está a morrer, por isso foque-se no que pode fazer por ele e defenda o que genuinamente sabe que pode fazer pelos outros.
Artigo original de Massimo Forte