PORQUE O DIGITAL É TÃO RELEVANTE?
É com certeza uma pergunta óbvia para muitos, mas será que já refletiu sobre a real relevância do digital no nosso dia-a-dia?
Ainda com muitas oportunidades para reflexão percebermos que hoje, por exemplo, vemos cada vez menos televisão e optamos cada vez mais por conteúdos selecionados pelos quais estamos dispostos a pagar (Netflix), que a mobilidade tem cada vez mais opções de escolha acessível, rápida e segura (UBER, Cabyfy, Emov), que comunicamos de forma cada vez mais instantânea e barata (Whatsapp), que nos relacionamos e interagimos de forma cada vez mais próxima, apesar de todos estarmos mais distantes (Facebook), que podemos fazer networking muito para além da nossa rede de contactos mais próxima (Linkedin), que de forma atualizada e partilhada temos uma comunidade que partilha inspiração de forma cada vez mais alargada (Instagram), que os livros e a música já não são um peso na nossa mala (ebooks, itunes e spotify), que podemos escolher e decidir através de um acesso a informação cada vez mais agregada que preços vamos pagar quando viajamos e que temos o poder de recomendar (ou não) alcançando uma comunidade global (edreams, arbnb, Trivago), que raramente nos deslocamos ao banco (homebanking, o nome diz tudo), que cada vez mais, encontramos a nossa casa não na rua, mas na internet ou nas redes sociais e que tudo isto é feito com enorme comodidade e rapidez através de um smartphone que nos mantem sempre ligados e que, por acaso, também dá para telefonar.
De facto, hoje tudo é digital, mas uma coisa é certa, se não houver ligação do digital às pessoas de forma exaustiva e quase obsessiva, a vantagem deixa de ser relevante. Quem perceber como deve trabalhar o digital de forma relevante e eficiente, estará sempre muito mais à frente do que qualquer outra pessoa, quem perceber que estamos num mercado que procura um conceito de experiência e não apenas um serviço ou produto, conseguirá oferecer mais valor e obter mais margem.
A forma de aprendizagem para perceber como se deve construir a oferta não mudou, continua a ser a mesma de base de um dos princípios básicos mais importantes da comunicação, a escuta! É necessário escutar o mercado, escutar o que as pessoas dizem, o que as pessoas procuram, o que as pessoas necessitam, os seus desejos e medos. A escuta é importante e hoje já pode ser feita via online através de sistemas de monotorização e análise cada vez mais sofisticados, mas onde reside a verdade quase absoluta, ou se preferirem, a realidade, é sempre no terreno. Este cruzamento de dados é importantíssimo para validar dados através da nossa perceção que se desenvolve com a experiência e uso da escuta ativa. Quanto mais se escuta e se quantifica, mais a nossa perceção se transforma em realidade e potencial êxito.
Existem também alguns mitos para desfazer como, a clássica ideia que o recurso a informação obtida através de canais online é mais rápido e barato em relação à informação obtida por meios offline. Poderá ser verdade, mas apenas se as pessoas que a obtêm a souberem trabalhar e normalmente, quem não é bom a obter informação do mercado no terreno, não será com certeza melhor na obtenção e interpretação da mesma via online.
Em qualquer dos casos, será sempre necessário ter uma visão experiente, clara, objetiva e estratégica, pois sem ela, não valerá a pena o tempo perdido na escuta do mercado porque como referido atrás, não saberão como interpretar ou tratar os dados que obtém. Esta estratégia implica o comprometimento de recursos da empresa a longo prazo, por isso é mais fácil de dizer e difícil de fazer, possivelmente pela falta de coragem que na generalidade existe na implementação de uma estratégia que implica a alocação de recursos a tarefas e objetivos mais difíceis de medir a curto prazo.
O digital é relevante para tomar consciência de que poucos vendedores irão sobreviver a esta transição e possivelmente a maior parte irá desaparecer, ficarão apenas os profissionais acima da média que souberam adaptar-se às novas necessidades das pessoas, às novas ferramentas e à constatação de que hoje e no futuro, não haverá transação sem relação.
Este artigo foi inspirado pela palestra do Pablo Foncillas no Inmocionate18 em Valência