José Cardoso Botelho falou de Sustentabilidade para quem quer estar no futuro da Promoção Imobiliária, em mais um encontro da AAAESAI.
No passado dia 5 de dezembro de 2024 a AAAESAI – Associação dos Antigos Alunos da ESAI voltou a promover mais um jantar onde o tema de debate lançado foi a prática de políticas e medidas de Sustentabilidade na Promoção Imobiliária.
O convidado foi José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Signature e Vanguard Properties Portugal, o principal protagonista do mercado imobiliário português nesta área, com o maior número de projetos com certificação BREEAM® que demonstram o empenho da empresa em seguir uma política ambiental proativa, uma rigorosa implementação das melhores práticas ambientais e uma postura de ir mais além das exigências legais por considerar que o seu papel pode ter um enorme impacto ambiental e social para incentivar outros a seguir o mesmo caminho.
A experiência de José Cardoso Botelho e da sua equipa nesta área em particular, permitiu uma partilha única e muito próxima num ambiente exclusivo onde mais de 40 profissionais de diversas áreas do imobiliário tiveram a oportunidade de saber mais sobre o tema e de intervir com questões que marcaram a opinião e conhecimento dos presentes.
“O conhecimento sobre este tema é fulcral para quem pretende atuar no setor imobiliário de futuro.”
Estamos numa fase onde já estão a acontecer grandes transformações no setor a nível internacional e nos próximo anos, quem não souber aplicar as regras e normas, vai estar num caminho descendente de perda de valor.
A mensagem foi passada de forma simples, assertiva e factual, revelando todos os meandros sobre esta matéria tão importante para o imobiliário português.
Um dos pontos referidos foi que a legislação que tem vindo a ser publicada ao nível europeu, e transposta para os ordenamentos jurídicos nacionais relativamente à Eficiência Energética, Neutralidade Carbónica e Consumo de Energia Primária em edifícios, impõe desde já, uma ação e adaptação dos métodos e tipos de materiais a utilizar em projetos de construção nova, bem como na reconversão, renovação e reabilitação do edificado existente como parte de uma estratégia ampla para reduzir emissões e melhorar a eficiência energética que tem já metas bem claras para 2030 e 2050.
Além da legislação, outro fator que irá impor uma mudança drástica, é o acesso ao financiamento bancário.
Os critérios passarão a considerar a aplicação de normas e classificações no que diz respeito a sustentabilidade nos projetos de promoção imobiliária.
Acresce o facto que muitos Fundos de Investimento Imobiliário têm adotado critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) incluindo metas ambientais nos seus estatutos, ou políticas de investimento que os impede de investir em edifícios que não cumpram as referidas metas, ou de celebrar contratos de arrendamento comercial com arrendatários que não cumpram as metas ambientais estabelecidas, o que reduzirá o número de potenciais clientes e conduzirá inevitavelmente a uma desvalorização dos ativos imobiliários considerados como estando em não conformidade com os critérios ESG.
Foi referido também que, apesar de existir muito capital internacional disponível para acelerar esta transformação, aos olhos do investidor, o mercado imobiliário português sofre de um problema de escala ao que se acrescenta os já muito conhecidos problemas da demora dos processos de licenciamento e da heterogeneidade das regras de licenciamento entre câmaras municipais.
Tudo isto diminui consideravelmente o número de potenciais investidores imobiliários disponíveis para atuar em Portugal.
José Cardoso Botelho referiu que algumas das mais-valias de projetos imobiliários sustentáveis da Vanguard Properties, como por exemplo, o “Dunas Golf Course” na Comporta, é a grande escala aplicada ao contexto onde se inserem. A amplitude deste investimento tem o potencial de contribuir para o desenvolvimento económico e social da região de implantação, nomeadamente através da criação de emprego, serviços, comércio e infraestruturas públicas que podem também contribuir para a criação de comunidades energéticas, inserindo-se na política de atuação do projeto.
José Cardoso Botelho partilhou também a sua experiência relativamente ao uso de materiais como a “madeira engenheirada” ou madeira estrutural, uma madeira processada industrialmente para que fique apta a otimizar o seu desempenho para uso na construção civil, consegue-se trabalhar este novo material que pode vira a ser o betão do futuro através da combinação de fibras, partículas, laminas ou peças de madeira natural com adesivos e processos industriais para a obtenção de materiais mais fortes, estáveis e versáteis e com desempenhos completamente diferentes dos associados à construção passada com uso de madeira tradicional.
Estes materiais são cada vez mais utilizados na construção civil devido às suas propriedades de maior facilidade de construção, rapidez, eficiência estrutural, térmica e mesmo de resistência ao fogo utilizando o tratamento certo para retardação de combustão, além disso, como são materiais biológicos, contribuem para uma maior circularidade. Esta tecnologia construtiva, aliada a ferramentas digitais, torna o processo ainda mais vantajoso sendo possível desenvolver as vantagens das suas infinitas possibilidades construtivas.
A contrário do que se possa pensar, José Cardoso Botelho afirma que o uso generalizado deste tipo de materiais concede valor económico à floresta estimulando o desenvolvimento económico de áreas rurais e prevenindo o seu abandono, além de inegáveis ganhos sociais com o estimular de setores que têm sido menos considerados.
A implementação dos critérios de sustentabilidade legislados, irá forçar a alteração do tipo de materiais utilizados na construção, nomeadamente, do betão armado por ser um dos principais materiais industriais emissores de CO2 na sua produção, considerando-se que a “madeira engenheirada” pode e vai ter um papel central nesta migração obrigatória.
Para além de uma breve apresentação, durante o evento ouve também espaço para perguntas e respostas sobre o tema ao convidado e claro, a oportunidade de muito networking entre profissionais das variadas áreas do imobiliário como promoção, construção, mediação, avaliação, gestão de ativos, investidores entre outros.
O sucesso destas iniciativas é cada vez mais evidente para a criação de valor para o imobiliário e por isso a AAAESAI prepara-se para lançar o seu calendário de atividades para 2025, dando assim continuidade a novos encontros que pretendem juntar conhecimento, valor e networking para o imobiliário.
Artigo de Massimo Forte