A modelagem informal é a nossa vida…
Muitas vezes perguntam-me como se podem tornar numa pessoa de excelência, a minha resposta, definindo:
- “Para quê?
- “Porquê”?
Algumas pessoas riem-se e vão-se embora, outras param, pensam, refletem e começam um novo processo.
O início desta reflexão aconteceu quando a Maria Duarte Bello me pediu para ser um dos 29 testemunhos do seu novo livro: “Inspira-ações”.
O livro fala de “pessoas que inspiram”, dos seus perfis, dos seus caminhos, de situações vividas e reflexões sobre o modo de ver e viver a vida com o objetivo de que possa inspirar-se e eventualmente, se se identificar, pôr em ação a sua versão das aprendizagens dos testemunhos e da Maria Duarte Bello que, como mentora e coach há mais de 25 anos, dá o seu contributo explicando como o mentoring ou coaching podem ser usados para se tornar um verdadeiro desafiador de mudança e evolução criando e tirando partido das oportunidades que podem surgir a qualquer momento da sua vida e que podem torna-lo numa pessoa de excelência.
Na minha opinião, as pessoas de excelência em qualquer área, são moldadas por um processo intenso de aprendizagem, mas sobretudo, de escolhas que fazem ao longo da sua vida, desde o momento em que nascem.
Qualquer marca pessoal nasce no momento em que começa a existir, a sentir e a expressar-se, assim sendo e pode até parecer um pouco ironia do destino, a tal máxima de estar na hora certa, no momento certo e no local certo, talvez defina a marca à nascença, até poderá ser, mas a partir desse momento a marca fará escolhas que a definirá e seguirá inspirações que a farão continuar.
Claramente que o legado dos nossos pais, ou mesmo dos nossos educandos que inconscientemente, queiramos ou não, contribuem para reforçar incutindo valores e convicções que funcionaram como aprendizagens durante toda a vida e constroem desde a nossa base a nossa modelagem informal.
Uma outra passagem de testemunho dá-se através do ensino, com quem aprendemos conteúdos, mas sobretudo, formas de fazer e agir, se forem inspiracionais, levam-nos a interessantíssimas mudanças na nossa forma de comunicar que poderão ficar para a vida.
A modelagem faz parte do nosso propósito e o bom caminho para cada um de nós deve ser escolhido avaliando o “para quê” e “porquê”, seja em projetos pessoais ou no trabalho onde estamos constantemente a modelar os nossos comportamentos, seja de forma inconsciente, ou até mais intencional com colegas e mentores que são os nossos verdadeiros líderes, ou para alguns, “chefes”.
A modelagem na minha opinião é uma escolha e é fortemente impactada pelo nosso contexto, seja ele pessoal ou profissional, a importância dos meios sociais como a família, os amigos, os locais que frequentamos, as escolas, os grupos e as empresas impactam-nos fortemente e excetuando a família, também são escolhas que podemos fazer, mesmo achando que não as fizemos tivemos sempre a possibilidade de dizer sim ou não, de aceitar ou de não aceitar. Os provérbios populares são uma fonte de grande sabedoria porque têm como base a experimentação contínua de gerações onde a frase diz-me com quem andas dir-te-ei quem és, se enquadra.
Volto ao início, aliás sempre que me perco e não sei, onde estou e para onde vou, recorro às minhas perguntas iniciais: “Para quê”? “Porquê”?
A vida vivida é feita de equilíbrios e principalmente de desequilíbrios, correndo o risco de ser um pouco controverso, a vida equilibrada é essencialmente desequilibrada no sentido em que para estar a 100% num sítio, numa situação, num projeto, num objetivo, terei de descompensar noutro. Claro que essa descompensação voltará a acontecer quando tenho a sensação de dar à minha outra vida o tempo que ela merece, mas quando isso acontecer, estarei novamente a desequilibrar. Esta alternância poderá chamar-se de equilíbrio entre a vida pessoal e vida profissional.
O sucesso para uns é um fracasso para outros. Depende muito de cada um e da forma como nós o vemos, do significado que damos às coisas que atingimos ou que não atingimos que nos poderão dar a ideia interior de sucesso ou fracasso. O sucesso para muitos é a capacidade de alcançar mais uma etapa e de se sentirem a evoluir, o fracasso pode ser encarado como uma nova aprendizagem, cada momento acaba por fazer parte do nosso sucesso. Quantas vezes tenho de experimentar, errar, falhar e principalmente voltar a fazer para conseguir o tão ambicionado sucesso sabendo que o fracasso faz parte do sucesso? Não há erro, tudo é feedback, uma frase bem conhecida cuja autoria desconheço.
Associa-se o sucesso a dinheiro, popularidade mediática ou até a poder, mas o sucesso pode ser apenas o reconhecimento pelo conhecimento, pela ajuda aos outros, pelas descobertas obtidas, pela inspiração dada, pelo ensinamento, por deixar uma marca que ajudou a transformar para melhor uma determinada sociedade.
Todas as empresas, todos os projetos, todas equipas, todos os profissionais, todas as pessoas, devem procurar a sua visão e missão orientadas apenas por duas perguntas: “para quê” e “porquê”.
Para mim “para quê” e “porquê” são as perguntas que me fazem mover para atingir a minha realização pessoal, a paz interior que normalmente é momentânea, dificilmente alcançável e nunca eterna. Por exemplo, posso terminar uma formação ou até uma palestra e ter a sensação clara de ter atingido de forma positiva o meu objetivo, como consigo saber? Sentindo, observando e envolvendo-me no momento onde consigo alcançar a realização pessoal embora exista a clara possibilidade de ser passageiro e no dia seguinte, querer voltar a procurá-lo.
Por vezes confunde-se a modelagem com a cópia, errada parecença e significado quase antagónico. Quem modela tem como base a inspiração do outro, respeitando, contudo, a pessoa modelada e trazendo algo de novo, adaptando, mencionando, e elogiando quem modela da forma mais sincera, natural e honesta.
Ser uma cópia é ser isento de valores e muitas vezes de saber e compreensão, sendo o alcance do sucesso ou do resultado do outro a única coisa que importa. Normalmente é mal disfarçada de tal forma que se torna evidente.
Ao contrário da cópia, a modelagem vive da autenticidade, a cópia sobrevive do outro e do vazio do próprio não percecionado, mais uma vez, a escolha de “para quê” e “porquê” é nossa, e cada um faz o que sente que deve fazer.