7 de Maio, 2025

Portugal está pronto para um MLS?

Massimo Forte

No passado mês de Abril, foi apresentado no SIL – Salão Imobiliário de Lisboa mais
um projeto de MLS em Portugal.


MLS que significa Multiple Listing Services, é um sistema de partilha de angariações
entre profissionais do setor da mediação imobiliária
. O princípio existe há centenas de
anos, o primeiro sistema surgiu no final do século XIX nos Estados Unidos, a
tecnologia, é o que tem evoluído.
O MLS surge com o propósito de oferecer um melhor serviço a clientes compradores e
vendedores aumentando o potencial de procura ou disponibilização de produto através
da partilha de angariações
.

Com a evolução tecnológica dos anos 70’ surge uma maior
rapidez de comunicação de dados com o fax e depois nos 90’ com a internet e foi
nesta fase que os MLS’s se democratizaram e ganharam uma imensa relevância para
os profissionais deste mercado, mas mais especificamente, para profissionais do
mercado Norte-Americano e Canadiano, sendo esta uma das razões que contribuiu
para que estes dois mercados tenham uma quota de penetração do serviço da
mediação face às transações entre particulares na ordem dos 90%.


Voltando a Portugal e ao SIL deste ano, onde assisti ao lançamento do Sync MLS, um
projeto que acompanhei de perto quando o seu fundador luso americano me convidou
para o conhecer melhor, preparar um pré-lançamento do conceito com players chave
do setor antes do SIL e depois testar a aplicação onde as partilhas irão ser feitas,
chegou o momento de pensar se Portugal está pronto e recetivo para implementar
definitivamente um MLS partilhado por todos os profissionais e marcas.


Tendo já experimentado MLS’s em Phoenix e Miami, posso dizer que a aplicação
proposta pela Sync MLS é simples, direta e fácil de utilizar
cumprindo todos os
requisitos básicos necessários
com a possibilidade de no futuro evoluir e proporcionar
aos seus utilizadores aquilo que é expetável, um processo de partilha célere, rápido e
transparente
.


Contudo, o fator chave de sucesso para qualquer MLS’s não é a tecnologia, mas sim a
vontade de partilha de dados, ou seja, são as pessoas que decidem se este projeto
pode ou não ter sucesso.


O funcionamento de qualquer MLS depende da aceitação das regras definidas e
principalmente, da possibilidade de as fazer cumprir no processo de partilha de uma
transação imobiliária, é por isso que o Sync MLS é gerido por uma Associação dirigida
a profissionais do setor da mediação imobiliária
que pré-definiu os procedimentos e
regras de funcionamento como base na experiência do fundador no mercado norte-
americano, mas também com o conhecimento do que é a realidade portuguesa.


O princípio está lá, as vantagens são reconhecidas, mas há vários desafios que este
projeto vai ter de enfrentar
como por exemplo:

  • Em Portugal algumas das marcas líderes de mercado com maior peso não têm
    vontade nem sentem necessidade de partilhar para fora da sua rede
    ;
  • Estima-se que mais de 80% das empresas de mediação não trabalham em exclusivo,
    o MLS só pode garantir a informação, o rigor, a transparência e consequentemente a
    partilha da mesma com angariações em exclusivo;
  • Não existe nenhuma regulamentação para que os agentes possam partilhar de forma
    individual
    , independentemente da marca que representam, terão sempre de o fazer
    através da empresa que representam e que é quem detém a licença (AMI – Alvará de
    Mediação Imobiliária) que o agente utiliza;
  • Não existe uma cultura de partilha democratizada como forma de melhorar
    substancialmente o serviço a cliente.

Possivelmente haverá quem aponte muitas mais outras razões para além destas, mas
para que possamos evoluir para um mercado mais profissionalizado e maduro e para
que o entusiasmo inicial se transforme em resultados, há um caminho enorme de
legislação, formação e trabalho árduo a fazer que deu mote à Talk que liderei no SIL
e
que pretendeu que se fizesse uma séria reflexão sobre a possibilidade e
principalmente a vontade de implementar um sistema de MLS em Portugal para que
todos, realmente todos os profissionais e seus clientes possam beneficiar de uma
mediação imobiliária mais transparente, mais segura e mais eficaz
.

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Massimo Forte
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