Redes sociais, um mal necessário?
Já não é a primeira vez que escrevo sobre redes sociais.
Não me considero digital, contudo o digital está presente na minha vida, todos os dias e durante muitas horas o que me leva dizer que o digital para mim é ao mesmo tempo, um mal necessário e uma plataforma indissociável para partilhar valor e a minha marca pessoal.
Talvez por isso sinta a necessidade de escrever e falar sobre redes sociais, não só no meu blog, mas também partilhando com outros, por exemplo, como testemunho num livro conceituado sobre o tema para o qual fui convidado a escrever, ou mesmo num painel de um evento que refletia sobre este tema.
O que as pessoas procuram geralmente saber é, mais sobre a minha experiência de partilha de conteúdos e de interação com pessoas e marcas nas redes sociais, e menos sobre aspetos técnicos que deixo a cargo de parceiros que trabalham connosco.
Na minha opinião, estamos a viver um overload de informação, no sentido em que o conteúdo “lixo” que existe, principalmente no Facebook e Instagram, atingiu níveis altamente preocupantes de falta de ética e de segurança:
- Cada vez mais se publica conteúdo de baixíssimo valor acrescentado, induz a desvalorização e interpretações erradas da realidade;
- Cada vez mais se copia, tornou-se algo banal, copia-se posts, vídeos, carrosséis, artigos sem referenciar o autor original e pior, apropriando-se do trabalho de outros como se fosse seu e original, em alguns casos é escandaloso e ao mesmo tempo ridículo, pois a copia e apropriação é feita a partir de autores altamente reconhecidos;
- Cada vez mais se vende de forma igual e massiva, sempre com o mesmo isco: fórmulas mágicas para obter dinheiro fácil e rápido, são os novos “profetas” do online;
- Cada vez mais, se paga mais, para quem vende nas redes, o algoritmo está cada vez mais restritivo, complexo e caro com forte possibilidade de a Meta impor uma subscrição, aliás estas subscrições já começam a democratizar usando por exemplo a subscrição de perfil verificado para se assegurar segurança de conta e identidade;
- Cada vez mais, há mais leds de menor qualidade, mais caras e de menor taxa de conversão, “pôr a moedinha” começa a ser cada vez mais difícil…
- Cada vez mais se noticia o que realmente não é notícia, ou mesmo notícias falsas, as chamadas fake news, acontece a cada segundo e induz à criação de realidades que servem interesses que não pretendem informar, mas sim desinformar;
- Cada vez mais se invade, como existe muitas pessoas que fazem das redes, o centro do seu negócio, existe uma prática de abordar followers nos likes e comentários para oferecer produtos ou serviços complementares ou mesmo concorrentes ;
- Cada vez mais se assiste à escalada de provocação e insulto gratuito, nada de novo, contudo parece agora assumir proporções inigualáveis, alastrando-se até para redes que supostamente seriam mais sérias e respeitadoras como o Linkedin;
- Cada vez mais se assiste à situação alarmante de invasão de privacidade, com cada vez mais contas a serem pirateadas para extorquir dados, followers, dinheiro ou pura e simplesmente para bloquear contas e atividades porque sim, ou porque alguém encomendou esse trabalho como prática de crime com objetivo de criar uma situação de concorrência desleal.
Enfim, a lista é com certeza infindável, sendo que claro, há também muito de positivo nas redes sociais para quem as trabalha bem, para quem as trabalha para o bem e de forma séria.
A pergunta que se segue é:
- Será que o seu negócio está totalmente dependente das redes sociais?
- Ou será que o seu negócio é alavancado pelas redes sociais?
Estas duas perguntas servem como reflexão para pensar sobre o grau de dependência que tem de um único canal e o nível de relação que tem com a sua comunidade fora deste.
Reportando-me à minha área de influência e onde trabalho há mais de 30 anos, diria que esta reflexão é uma reflexão mesmo muito necessária.
O nosso negócio não pode depender apenas de um canal, neste caso, do canal redes sociais, pois a probabilidade de ficarmos reféns do seu poder e imprevisibilidade, é elevada. Ter um site/blog, com domínio próprio e aliado a uma boa CRM é chave. Lembrem-se as redes servem para captar leads para o nosso site e não o contrário e as redes não são nem de longe o único canal de geração de leds.
Há muito negócio online e lá fora, apenas tem de saber encontrar o equilíbrio que funciona melhor para manter o seu funil de contactos ativo, sempre usando as ferramentas (todas) que estão ao seu alcance para filtrar e aproveitar TODAS as oportunidades.
Para isso, nunca se esqueça que os maiores sucessos, muitas vezes surgem do desafio de saber como fazer muito, com pouco, não será por acaso que a expressão “back to basics” tem sido a expressão que mais se tem ouvido nos últimos tempos no mercado Norte-Americano, afinal, num mercado desafiante como se adivinha o de 2024, temos toda a tecnologia ao nosso alcance para continuar, só temos mesmo de saber como acrescentar a relação como potenciador de resultados voltando a falar com pessoas ao vivo, e a cores.
A maior parte dos negócios começam nas pessoas, trabalhar bem as suas bases de dados e fazê-las crescer, vai ser o que lhe vai garantir a sua independência e o futuro do seu negócio. E saber trabalhar as suas relações em todos os canais, será essencial, no entanto, não trabalhando para redes sociais, mas sabendo como colocar as redes sociais a trabalhar para si!
Artigo de Massimo Forte para a bolsa de especialistas da revista VISÃO aqui