04 de Maio, 2022

Ser mãe, mulher e profissional: o desafio de conciliar (tantos) papéis by idealista/news

Massimo Forte

Ser mãe, mulher e profissional: equilíbrio, gestão do tempo e emoções.

Para comemorar o dia 1 de Maio, o idealista/news ouviu cinco mulheres, que também são mães e profissionais do setor imobiliário.

Apesar da rotina agitada e das tarefas do dia a dia, nenhuma hesitou na hora de responder ao desafio de refletir sobre as suas experiências pessoais e profissionais, e partilhar os testemunhos depois de “deitar os miúdos”, noite dentro ou pela madrugada.

Ser mãe, mulher e profissional. Ser e fazer tantas coisas ao mesmo tempo parece uma missão impossível. Exige grande capacidade de conciliação no dia a dia: ter tempo para a maternidade, para a carreira, mas também para a individualidade.

Como ser uma mãe “perfeita” e, simultaneamente, uma profissional exemplar, sem esquecer o “eu”? A pressão para cuidar dos filhos e do emprego com igual dedicação é e continua a ser um desafio para muitas mulheres. Ter de optar pela família ou pela carreira (ainda) é uma realidade, mas há também quem dê provas que é exequível assumir as duas e compaginar – com muito esforço, aventura e malabarismo pelo meio, é certo.

Encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal, vida profissional, vida a dois e tempo de qualidade com os filhos não é fácil, e a sociedade continua a exigir das mulheres um maior compromisso em todas as esferas. É preciso, muitas vezes, recorrer à ajuda de terceiros (se existirem e for possível), dividir responsabilidades e contar com a “sorte” de trabalhar numa empresa ou contexto com uma política amigável no que diz respeito à conciliação familiar.

Como é ser mãe e profissional ao mesmo tempo?

Joana Marques Pereira, CEO do grupo Century21 LUX, tem um filho e diz que ser mãe é o “maior e melhor papel” que a vida lhe deu, e também a função mais gratificante que tem. Como empresária e apaixonada pelo trabalho, conta que a conciliação profissional com a família é um dos maiores desafios do quotidiano. “O meu dia a dia é preenchido com muitos desafios, sem rotina, e por isso quando termino o meu dia de trabalho, em que há dias que parecem não ter fim, o meu maior desejo é abraçar a minha família. Aproveitar cada minuto ao máximo, pois às vezes o tempo é muito escasso. É o momento mais reconfortante do dia, é o nosso momento”, confessa.

A verdade é que, segundo Maria do Rosário Horta e Costa, Real Estate Specialist na Lince Real Estate, não há “fórmulas mágicas” para equilibrar a balança. Refere que, muitas vezes, o trabalho é prejudicado em detrimento da família e vice versa, mas garante que não abdica de certas rotinas familiares, fazendo uma gestão da agenda em função das mesmas. “Estabeleço também regras básicas, tais como pontualidade, foco, e entrega”, sublinha. Considera que ser mãe de três filhos, e uma profissional (na area do imobiliário) é muitas vezes um desafio, sobretudo, “quando se é exigente, determinado e dedicado”. “Acredito que o equilíbrio passa por definir prioridades e fazer uma boa gestão do tempo”, aponta.

“Por estranho que possa parecer, ser mãe e ser profissional não é assim tão diferente. No meu entendimento são papéis que para serem desempenhados da melhor forma possível requerem antes de tudo muita vontade, dedicação, planeamento e muita clareza nos objetivos que queremos alcançar”, salienta, por outro lado, Rita Conde e Silva, mãe de três filhos e Diretora Comercial da GREAT Real Estate. Para Rita, ser mãe e ser profissional é um “ótimo exercício diário de equilíbirio a vários níveis”. “Neste elástico, nem sempre tão equilibrado como gostaríamos, surgimos nós como pessoas, nós como mães, nós como profissionais, que também temos desejos, ambições e muitas vezes a culpa de não estarmos à altura do tanto que nos pedem e do tanto que nós queremos”, desabafa.

Cátia Batista, Diretora de produto e experiência de utilizador do idealista, é mãe de dois filhos e reconhece que ser mãe e ser profissional “é uma luta interna diária para evitar que o lado profissional canibalize os momentos como mãe”. No entanto, no seu entender, “há uma transferência de aprendizagens que se podem aplicar nos dois contextos (gestão de conflitos, tempo, prioridades)”.

Noutras profissões, como a que tinha antes – no marketing de uma multinacional –, ser mãe e profissional seria mais difícil, conta Rita Garcia, Consultora imobiliária na Remax Siimgroup. “Os horários de saída que não existem muitas vezes, as reuniões tardias, o sentir que estamos constantemente a falhar, em casa se apostamos no trabalho, no trabalho se apostamos na família… E acredito que isto seja uma fonte de stress e frustração constantes”, conta. Felizmente, adianta, encontrou nesta área (do imobiliário) o “equilíbrio perfeito”. Hoje em dia diz que consegue gerir os seus horários, “ir com os miúdos a consultas ou ficar com eles se estão doentes, ir buscá-los e às vezes ir ao parque ou à praia, ou lanchar”.

“Não quer dizer que não volte ao computador à noite, o que acontece muitas vezes, mas eles já dormem. Considero esta minha/nossa presença essencial para o desenvolvimento deles e também para o nosso equilíbrio familiar e profissional”, acrescenta. Para Rita, esta é uma profissão de sonho para as mães: “Na minha equipa somos todas mães, e uma com o primeiro bebé a caminho!”.

Ser mãe: os desafios, a gestão de tempo e das emoções

Ser mãe e profissional ao mesmo é enfrentar múltiplos desafios, lidar com a gestão do tempo, mas também das emoções. Para Maria do Rosário Horta e Costa, a “organização é fundamental para cumprir prioridades”, não se esquecer de nenhuma tarefa e, principalmente, “não procrastinar”. “Canalizo a minha energia para o que é realmente importante e continuo a aprender a dizer não”, relata a Real Estate Specialist.

Joana Marques Pereira considera-se “muito ligada às equipas”, explicando que “há sempre uma envolvência emocional muito grande com cada uma delas” e faz questão de estar sempre por perto. “Apesar de ter uma equipa incrível a apoiar-me, nunca dispenso estar presente e acompanhar cada etapa das minhas pessoas. O ramo imobiliário é feito de pessoas, e o meu projeto é feito de pessoas para pessoas, e sei que sou uma peça fundamental neste puzzle”, analisa. Entre desafios e muitos obstáculos, e com uma gestão organizacional e planeamento muito intenso, a CEO do grupo C21 LUX diz fazer todos os esforços para poder dedicar-se às suas pessoas, quer na esfera profissional, quer em casa. São eles, garante, que “dão alento para continuar nesta aventura”.

“Depois de 25 anos a ser empreendedora, diria que os maiores desafios são gerir o tempo e não defraudar expectativas. As expectativas que os nossos clientes e colaboradores depositam em nós, e aquelas que nós próprias temos para nós, além da história marcada pelo ritmo acelerado e limitado do tempo para acompanharmos e vermos os nossos filhos crescer como seres humanos humanistas e capazes de um dia vencerem estes mesmos desafios”, nota Rita Conde e Silva.

Para a Diretora Comercial da GREAT, a maior dica é saber o que queremos quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Depois, acrescenta, “é traçar um plano, ser e ensinar a ser organizado e autónomo, e por fim juntar muita flexibilidade e emoção sabendo que nem todos os dias são perfeitos, que não somos super “homens” (ou super mulheres) e que se remarmos para o mesmo lado as coisas acontecem mesmo”.

Ainda sobre desafios, Cátia Batista frisa que, um deles, passa por contrariar a sociedade (e às vezes a si mesma) para que equilibre as responsabilidades parentais também com o pai. “Um exemplo: é frequente que quando algo acontece às crianças telefonarem primeiro a mim, e só depois ao pai”, refere a Diretora de produto e experiência de utilizador do idealista. Além disso, para Cátia é importante não perseguir a perfeição em ambos os papéis (de ser mãe e profissional), porque é “altamente desgastante e frustrante”.

Para gerir melhor os dias, Cátia levanta-se sempre entre 30 min a 1h00 antes para ter tempo só para si, inclusivé nos fins de semana. Por outro lado, “se tenho um livro que quero ler, aproveito o momento de os levar à cama para ler juntos (cada um com o seu livro). Não leio com a mesma atenção que gostaria, mas é uma forma de criar e manter um ritual saudável juntos. Todos os dias pergunto se se divertiram e procuro ter a certeza de que as crianças vão para a cama reconciliados com o que seja que tenha corrido mal nesse dia, para não adormecer num estado emocional negativo. Entender e perdoar é muito libertador”, partilha.

Rita Garcia acrescenta que é também muito desafiante equilibrar as suas falhas de tempo com as do marido, para que os miúdos estejam sempre “assegurados”, daí ser essencial, acredita, “funcionar como uma verdadeira equipa”.

A vida feita de momentos

Todas estas mulheres, mães e profissionais garantem que a vida com filhos é feita de muita coisa: de stress, mas também de momentos caricatos, de vivências bonitas e divertidas, de muita paciência, e de boas doses de compreensão. Há sempre histórias para contar e que fazem a ginástica do dia a dia valer a pena, num equilíbiro necessário entre a família e o trabalho.

Para Cátia Batista, os melhores momentos são os abraços espontâneos. “Já sei que vai ser sol de pouca dura, até entrarem na adolescência, portanto, aproveito ao máximo”, conta.

Já Maria do Rosário Horta e Costa revela que há dias em que deixa o carro estacionado, aberto e com a chave lá dentro e outros em que deixa a chave de casa do lado de fora da porta. “Faço-o por dar o meu melhor todos os dias, e como uma grande dose de amor à mistura, os resultados estão à vista”, refere.

Sobre episódios bonitos, Rita Garcia partilha um, em especial: “Numa vez em que fiquei com os miúdos, em concreto com o mais velho porque não tinha escola e eu não tinha alternativas no momento para o deixar, tive que ir fazer visita a um apartamento… disse ao meu colega que estava com o meu filho e que a única hipótese era ele ir. Ele disse-me: “claro que sim!” A visita correu lindamente. Era com uns clientes russos que também tinham vários filhos e houve uma empatia muito engraçada. Os meus colegas na escritura brincaram e ainda hoje brincamos, porque dizemos que foi o António que vendeu a casa”.

Rita Conde e Silva destaca o seu primeiro negócio grande e economicamente importante. “Celebrámos em família num jantar fora de horas que sei que nenhum de nós ainda esqueceu, como se fosse um novo início para nós família, naquele êxtase de uma nova porta que se abria e com os pés assentes na terra de quem foi ensinado a agradecer e a continuar a querer aprender e ser sempre melhor mãe, filho, ser humano, estudante e profissional”.

Artigo original idealista/news. Veja o artigo completo aqui

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