VISITAS VIRTUAIS, O NOVO NORMAL
Para muitos as visitas virtuais de imóveis são uma realidade que só conheceram por força da situação atual que exige gestão do distanciamento social. Esta novidade chegou de forma abrupta, mas a adaptação que teve de ser rápida, parece que afinal veio para ficar.
Na verdade, esta realidade que achamos que surgiu agora já existia no processo de venda imobiliário que promovia as visitas virtuais como uma forma de diferenciar a promoção do imóvel. Há mais de 20 anos que algumas empresas Norte-Americanas já tinham pensado em como fazer com que o potencial cliente, em vez de ver o imóvel de forma física e presencial, pudesse primeiro ver várias casas em formato digital, poupando assim algum tempo ao Agente e ao cliente, tornando a visita mais assertiva, uma prática que ao longo do tempo foi inovadora para alguns mas para outros, altamente contestada. A evolução da internet trouxe a possibilidade de se fazer esta triagem não apenas na agência mas a partir da casa do cliente através de uma tecnologia que hoje já é considerada algo rudimentar, que é a da fotografia estática que permitia a escolha por critérios específicos, a qualquer hora e em qualquer lugar utilizando primeiro o pc e hoje o smartphone.
Nesta última década, sempre a partir do mercado Norte-Americano e rapidamente alastrando por todo o mundo, surgiram as visitas virtuais que representam uma clara evolução da fotografia estática dando a possibilidade de construir uma experiência de visita dinâmica que trouxe ao cliente a solução de um problema que quase todos reclamavam, a percepção, ou melhor dizendo, uma melhor sensação de como seria de facto o imóvel podendo vê-lo de vários ângulos a 360 graus replicando sentido de visão, ou seja, tornando o ecrã nos seus olhos.
Hoje, com a nossa nova realidade, esta tecnologia torna-se altamente relevante e crucial pela necessidade clara das pessoas quererem “visitar” os imóveis em plena segurança, para assim escolherem com mais certezas os que fazem sentido marcar para uma visita física, também hoje organizada com toda a segurança, no fundo, os objetivos de facilitar a escolha e desta forma criar uma interação mais assertiva com ganhos de tempo para o cliente e Agente, continuam a ser satisfeitos, para além de garantirem o principal objetivo de garantir total segurança no processo de escolha e posterior visita. Claramente que para o Agente Imobiliário as visitas virtuais são uma excelente ferramenta de qualificação para antecipação das motivações e intenções do potencial cliente.
Mas afinal qual é o novo normal no processo de visita a um imóvel?
Se antes do COVID, para os Agentes Imobiliários era prática comum convidar o seu potencial cliente para uma reunião presencial, onde além de se conhecerem pessoalmente, iriam falar de quais as necessidades e desejos para a compra da sua casa permitindo que ambos poupassem tempo através de um processo de qualificação, mostrando depois e apenas os imóveis relevantes para este cliente, sabendo à priori qual seria o tipo de casa que levaria a que o cliente se apaixonasse, tornando-a numa possível aquisição, hoje e ao contrário do que pensamos, o processo está ainda mais simplificado e rápido. Eliminando a reunião física presencial sempre com constrangimentos de deslocações e horários, hoje via zoom ou outra plataforma de reunião virtual criou-se uma oportunidade de maior poupança de tempo para ambas as partes. A escolha dos potenciais imóveis pode ser feita através das visitas virtuais guiadas pelo Agente e inclusive, caso haja a tecnologia disponível para ambas as partes, a visita pode ser feita através da tecnologia de realidade aumentada, criando uma experiência imersiva para o cliente que se sentirá como se estivesse dentro do imóvel.
Empresas de mediação mais tecnológicas e inovadoras, já tinham esta tecnologia disponível nos seus portais destacando visitas virtuais que criassem um envolvimento forte e fizessem com que o próprio cliente, mesmo antes da reunião de qualificação, pudesse escolher as casas que pretendia conhecer melhor. Hoje este processo já está assumido como natural, no sentido em que por necessidade todos já percebemos que iremos necessitar das visitas virtuais antes da qualificação.
Em tempos, no meu artigo “recomeçar com uma nova realidade” sobre tecnologia no Imobiliário e relatando uma das minhas viagens aos Estados Unidos, também referi que para imóveis em construção em que a comercialização é feita em planta, a possibilidade de ter as visitas virtuais no próprio empreendimento seria uma grande mais valia, hoje, mais uma vez, é uma necessidade diria eu, quase imprescindível.
Mas será que é possível vender um imóvel apenas através de uma visita virtual? Possível é, porque a tecnologia o permite, contudo nem todos o vão fazer, talvez daqui a muitos anos, há quem acredite que esta forma de compra poderá ser mais generalizada, na minha opinião falta a parte emocional e sensorial.
Uma das grandes lições que se tirou neste período do COVID-19 é que a grande maioria das pessoas não consegue comprar um imóvel sem ver, o que levou, para além do fator incerteza, a uma grande quebra ao nível de transações no mercado imobiliário, o percurso da escolha está sem dúvida muito melhorado, mas falta a visita física para validação a aquisição que é de grande envolvimento, com a visita virtual conseguiu-se encurtar o processo e manter o interesse elevado do potencial cliente até se conseguir validar a visita física para a tomada de decisão, com a possibilidade das empresas de mediação imobiliária voltarem ao ativo neste mês de Maio, verificou-se de facto que as transações começaram novamente a realizar-se.
Podemos então aferir que o processo poderá evoluir para o que hoje já é o novo normal no mercado Norte-Americano, vejamos: o potencial cliente comprador vai procurar o seu imóvel pela internet, segundo a NAR (associação Norte-Americana de Mediação Imobiliária) mais de 90% já o fazem, quando procuram, para além do preço, afinam a escolha pelas fotos e decidem pelas visitas virtuais porque na generalidade, os seres humanos são visuais. Após a seleção vão possivelmente ligar ou mandar um email, onde novamente poderão ser sugeridas outras alternativas, sempre utilizando a qualificação e visitas virtuais como um filtro para a decisão e processo de escolha final, a reunião de qualificação pode ser feita via vídeo chamada utilizando o zoom ou outro, permitindo a replicação deste processo na sua totalidade, ou seja, permitindo a sugestão do Agente de outros imóveis em visita virtual que pode ser inclusive guiada pelo Agente que conheça o imóvel. Por fim e antes de visitarmos as casas escolhidas e sugeridas que nesta altura se reduzem em número, pois já houve neste processo uma considerável filtragem, pode-se propor ao cliente que faça uma reserva condicionada à visita física. A visita física passa a ser a validação final de todo o processo, até porque e sempre com referência ao mercado Norte-Americano, esta reserva em valor, caso o cliente comprador dê o seu aval, pode transformar-se automaticamente em sinal ou princípio de pagamento ou pode ser devolvido caso não haja uma decisão favorável.
As visitas virtuais na sua maioria não fecham o negócio, mas sem dúvida que têm um papel fundamental no processo de compra, desde a captação, escolha e decisão, garantindo a segurança e poupando tempo e recursos a todos os intervenientes: potencial comprador, agente imobiliário e cliente vendedor.
Artigo publicado na VISÃO
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