30 de Setembro, 2020

AS COMPETÊNCIAS CHAVE PARA RECRUTAR UM VERDADEIRO AGENTE IMOBILIÁRIO

Massimo Forte

Em conversa com João Sá, Agente Imobiliário e Consultor com 20 anos de experiência em Gestão de Talentos, discutíamos as mudanças que o sector da Mediação Imobiliária vai ter de enfrentar para definir as competências chave para recrutar um verdadeiro Agente Imobiliário depois da evolução desta área nos últimos 6 anos  e depois do salto tecnológico recente que todos fomos obrigados a dar.

Depois da nossa reflexão, resolvemos elaborar um inquérito aberto a todos os profissionais da Mediação Imobiliária com o objetivo de conseguirmos perceber, de forma analítica e não apenas baseados em percepção no terreno, o que realmente move e vai mover os profissionais do setor, as suas expetativas e motivações e o porquê de tanta rotatividade no recrutamento e retenção de Agentes Imobiliários. Quisemos igualmente analisar quais são as competências existentes para comparar com as competências realmente necessárias e tudo porque queremos ajudar os Agentes Imobiliários atuais e futuros a orientar o seu foco e também os Brokers, que têm como missão escolher e liderar estes profissionais.

Agentes Imobiliários de todo o país e de todas as marcas foram convidados a responder a este questionário desenvolvido pela Harrison Assessments International que aplica este sistema de avaliação ao setor nos EUA já há muitos anos, com especial foco, no desenvolvimento de práticas de recrutamento e liderança de equipas de Mediação Imobiliária.

O grande desafio para foi garantir respostas a um questionário que requer 20 a 30 minutos de investimento pessoal, concentração e foco, mas que em troca oferece um relatório sobre os pontos fortes de cada inquirido e como os pode explorar para o desempenho das suas funções. Até agora, 66% desistiram antes de o terminar e a questão que estes valores levantam, prende-se com o impacto que esta atitude terá no negócio caso estes 66% desistam igualmente de atividades de suporte à venda como: preparação de reuniões; preparação de apresentações de serviços; estudo e ensaio de guiões; análise de mercado; qualificação; preparação de estratégia para a construção de relação com os clientes, ou mesmo, o simples seguimento de leads. Claro que o paralelismo não é direto nem óbvio, mas o alarme não pode ser ignorado e sugere uma análise mais profunda que poderá ser explorada pela liderança das agências.

Analisando as respostas completas e focando na procura de causas para a elevada rotatividade, debruçamo-nos para perceber quais serão os fatores motivacionais e condicionadores de mudança dos agentes através do levantamento das suas expectativas e aspirações profissionais para perceber o respetivo grau de realização profissional.

 

Satisfação dos Agentes Imobiliários:

 

 

Segundo o inquérito feito, mais de 50% dos agentes declararam-se profundamente insatisfeitos face às suas expectativas e aspirações profissionais, (este valor chega aos 65% nos primeiros 5 anos de profissão).As principais causas de insatisfação apontadas pelos Agentes, mantêm-se inalteradas ao longo de toda a carreira:

  1. Falta de oportunidades de desenvolvimento profissional;
  2. Falta de oportunidades de progressão na carreira;
  3. Falta de autonomia.

 

Acreditamos no entanto que estes resultados e causas variam significativamente entre diferentes marcas e agências, tendo em conta os seus sistemas, cultura, liderança e práticas de gestão adotadas por e em cada empresa, logo, os resultados que aqui trazemos são genéricos e não devem servir de enunciado a quem se proponha atacar o problema. É preciso conhecer cada indivíduo e cada agência para passar à prática e mapear os pontos críticos de retenção, não é difícil e está ao alcance de qualquer gestor.

Não deixa de ser interessante e até crucial, perceber até que ponto as suas expectativas são legítimas, face ao que lhes é “vendido” na fase de recrutamento e perceber também como e em que se traduz, a sua ligação emocional às suas estruturas profissionais pelo impacto que este fator tem para o agente no sentido de pertença a uma equipa, a uma agência ou a uma marca.

As questões que nos inquietaram ao olhar para os dados recolhidos, foram:

  • E se os agentes não tiverem aspirações de reconhecimento das suas competências e de valorização do trabalho realizado?
  • E se não tiverem qualquer desejo de serem ouvidos pelas suas estruturas ou de serem informados sobre o que nelas se passa?
  • E se tiverem a convicção de que a competência dos seus líderes não tem qualquer impacto no seu próprio sucesso?

 

Afinal, que tipo de influência terão de ter os seus líderes para promoção do seu desenvolvimento e sucesso? E sobretudo, que argumentos de retenção lhes sobram? Ousar questionar os modelos atuais, é o grande desafio que os players do setor têm pela frente.

A boa notícia é que há uma forma de iniciar este percurso, as técnicas e as ferramentas de diagnóstico para os apoiar nesta avaliação e decisão já existem e são perfeitamente acessíveis, serão com certeza mais acessíveis que os custos de não fazer nada para promover envolvimento e ligação emocional à empresa. Afinal, quanto custa a elevada rotatividade, a baixa fidelização, a fraca lealdade dos negócios “por fora”, a desculpabilização pelas “políticas da casa”, e mesmo pela própria crítica aos princípios da marca, junto dos clientes?

 

Rookies vs Seniores:

 

Passando à análise seguinte e uma vez que as frustrações mais citadas pelos agentes, se concentraram nas oportunidades de desenvolvimento e de progressão na carreira, avaliámos as dez competências chave para a profissão de Agente Imobiliário que estão obrigatoriamente relacionadas com empreendedorismo e com atitude comercial. Pela análise dos dados recolhidos na pesquisa, a destreza da maior parte dos agentes nestas competências mantem-se constante, ou seja, sem evolução ao longo de toda a carreira. Face à amostra analisada, a percentagem de agentes que se qualifica acima dos mínimos em cada competência, tende a ser muito reduzida, por exemplo, apenas 9% dos agentes pontuaram acima dos valores mínimos na competência de Pensamento Estratégico; apenas 14% pontuaram acima dos mínimos em Impacto e Influência; e só 18% mostram competências mínimas de Resiliência e Perseverança.

 

Agentes Imobiliários vs Clientes (média em Portugal):

 

Em termos genéricos e remetendo sempre à nossa amostra, algumas equipas podem lidar frequentemente com clientes mais aptos que os seus agentes em competências de vendas e consultoria! Afinal, quem estará a vender o quê a quem?

Na nossa opinião, um líder tem de saber avaliar a sua equipa e questionar-se sobre:

  • Quantos negócios se perdem todos os dias porque o cliente acaba por vender as suas intenções ao Agente Imobiliário, e não o contrário?
  • Quanto se perde em comissões sistematicamente cobradas pelos valores mínimos possíveis, exatamente como os clientes querem, sem que o agente defenda o valor do seu serviço?
  • Quantas angariações deixam de se fazer porque os argumentos do cliente em relação à angariação em exclusivo, são mais sólidos que os do agente?
  • O que pode fazer quanto a isto?

 

A resposta é na nossa opinião é mudar a filosofia de atuação sobre o problema. Primeiro, despertar para a necessidade de avaliação de um possível problema, e segundo, estar disposto a medir a maturidade das competências de venda e empreendedorismo dos agentes da equipa para as mapear e trabalhar sobre elas, agente a agente e assim conseguir avaliar conscientemente se o seu perfil se adapta à função, e que necessidades específicas existem de orientação, formação e treino (sendo o treino constante essencial), para se conseguir desenvolver competências que consigam ajudá-los a ultrapassar as principais objeções e obstáculos que persistem no tempo. Acreditamos que não será difícil medir tudo o que está a ser colocado em causa, desde que haja um sistema, um método de trabalho e que a gestão comercial passe a ser sistematizada e não apenas gerida por intuição ou improviso.

Para melhor perceber este estudo e o potencial que pode ter como ferramenta de desenvolvimento de uma equipa de Agentes Imobiliários de sucesso, o próximo passo será assistir ao LIVE via Facebook Massimo Forte no dia 8 de Outubro às 21 horas, onde vamos divulgar mais dados sobre este inquérito e como se pode chegar a conclusões que darão com certeza lugar a eventuais correções ou mesmo à implementação de novos sistemas e ferramentas operacionais que permitam uma melhor prática de gestão e desenvolvimento de equipas de Agentes Imobiliários.

Todo o detalhe sobre o estudo e possibilidades de aplicação da metodologia, podem ser dados pela Harrison Assessments Portugal/ New Oceans (www.harrisonassessments.com), contactando com João Sá: dive@new-oceans.pt, +351 927 567 906.

Consulte a publicação deste artigo no site IDEALISTA.PT aqui

Veja o vídeo com a explicação do artigo aqui

 

Partilhe a sua opinião


Massimo Forte
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.