15 de Março, 2022

Escolhas sustentáveis: eficiência ou durabilidade, o que devo colocar em primeiro lugar?

Massimo Forte

Depois de alguns anos a viver numa casa de tetos altos com características de época em plena Lisboa devo dizer que o charme entrou definitivamente em conflito com o conforto, especialmente depois de um período de confinamento em que as janelas antigas da minha casa se tornaram no tema principal de conversa durante um longo inverno numa rua agitada no centro da cidade… A estética é importante, mas o conforto térmico e acústico, é sem dúvida o que mais me interessa garantir na futura escolha da melhor solução de janelas para a minha nova casa.

Sendo um apaixonado por imobiliário, vivo o processo de escolha e decisão à volta da casa de forma intensa e abrangente, conhecer de forma profunda tudo o que pode impactar esta escolha é cada vez mais importante para quem ajuda pessoas numa das decisões mais marcantes e importantes da sua vida: decidir de forma informada, consciente e segura qual a casa ideal para a sua vida.

Foi por isso que em pleno processo de escolha e de investimento em materiais para a minha nova casa, onde seguramente vou passar mais tempo não só a descansar e desfrutar da família e amigos, mas também a trabalhar, percebi a importância e o impacto a longo prazo que as minhas decisões de escolha podem ter no conforto e valorização da minha futura casa.

Sem dúvida que o que procuro é conforto, mas tenho dois filhos pequenos em casa que muitas vezes me chamam à atenção para atitudes mais sustentáveis, e isso fez-me perceber que numa escolha sustentável tenho de pensar não só em eficiência, mas também na durabilidade que vai ter a minha escolha. Mas afinal, o que devo colocar em primeiro lugar?

Para já sei que a janela é um conjunto de materiais onde o alumínio, aço, PVC, madeira ou soluções mistas convivem com um material orgânico mineral preponderante, o vidro. Conhecer as diferentes partes que a compõem é importante para fazer uma boa escolha, por exemplo, é muito importante selecionar o vidro mais apropriado para cada uma das minhas necessidades, mas também é importante saber escolher o caixilho, afinal, é um dos elementos que irá definir não só a eficiência da janela, mas também a minha escolha da solução mais sustentável procurando materiais alternativos que não sejam provenientes de petróleo, que sejam mais duráveis e posteriormente recicláveis através de processos de menor impacto.

Tendo esta ideia em mente, e sendo as janelas uma grande fatia do meu orçamento de renovação, comecei por pesquisar o que no meu caso devo ter em conta para renovar as janelas da minha nova casa. Nesta pesquisa tive a ajuda do Ricardo Vieira da Reynaers Aluminium.

 

Eficiência ou durabilidade, o que devo colocar em primeiro lugar?

43% da energia consumida tem origem nos edifícios, seja no seu processo construtivo, seja no processo de aquecer ou arrefecer as habitações para controlar as trocas de calor e frio que ocorrem através das portas e janelas. Uma janela que dure 10 anos, tem o dobro do impacto em fim de vida do que uma janela que dure 20 anos.

 

Pensando neste facto, percebi que queria definitivamente devia apostar numa solução mais sustentável que evitasse desperdício e obras a longo prazo!

 

Vidro duplo ou triplo? 

O vidro representa cerca de 80% da superfície de uma janela e nem todos os vidros são iguais, pelo que escolher o mais adequado vai ser fundamental para que as janelas garantam isolamento térmico e acústico. Existem vidros duplos ou triplos: soluções que são compostas por dois ou três vidros separados entre si por perfis separadores, e que no interior levam uma substância (absorvente de humidade) que absorve a humidade possível do ar dentro da câmara. Nos vidros duplos pode ainda incorporar-se diferentes tipos de vidros para formar diferentes tipos de isolamento térmico e de controlo solar, ou de proteção contra roubos ou de impactos, ou ainda de isolamento acústico. Tendo em conta o clima mais ameno de Portugal, quando comparado com o Centro e Norte da Europa, a utilização de vidro duplo incorporada com um vidro térmica e acusticamente eficiente, é uma solução aceitável para a generalidade das necessidades da construção em Portugal. O melhor é sempre procurar junto do instalador a melhor solução para cada caso.  

 

 

No meu caso, esta é sem dúvida uma solução. Garante o isolamento térmico e principalmente, o isolamento acústico da minha futura casa, afinal, vou viver numa das principais avenidas de Lisboa com muitas ambulâncias, pessoas e viaturas a circular.

 

Como medir a eficiência energética?

O nível de isolamento térmico das janelas é indicado pelo coeficiente de transmissão térmica (Uw). Quanto mais baixo for o valor de Uw, melhor é o nível de isolamento térmico.

 

E o ruído?

A atenuação acústica para quem reside em centros urbanos é determinante. O índice de atenuação acústico (Rw) indica a capacidade que os materiais utilizados têm de atenuar a propagação do som do exterior para o interior da casa. Quanto maior for o valor de Rw, melhor.

 

Permeabilidade ao ar e estanquidade à água, pontos sensíveis!

A uma fuga de ar corresponde sempre uma fuga de som ou de calor, por isso é importante decidir de forma consciente por soluções que assegurem uma baixa permeabilidade ao ar. Já no que respeita à estanquidade à água, importa lembrar que toda a água que possa entrar no caixilho tem de ser drenada para o exterior através dos rasgos de drenagem especiais. A limpeza regular destes rasgos é fundamental para o desempenho do caixilho perante a ação da chuva. Assim, evita-se a acumulação e consequente passagem de água para o interior.

 

Ventilar é importante!

A ventilação é necessária para obter uma boa qualidade de ar interior e obter um ambiente mais saudável e mais confortável, seja por via da simples abertura de uma janela, ou através de soluções específicas que permitam esta ventilação sem as desvantagens de ter de deixar a janela aberta para evitar perdas ou ganhos energéticos, entrada de insetos, ruído ou facilidade de intrusão.

 

Segurança acima de tudo!

Normalmente pensamos em janelas e portas que sejam robustas e resistentes à intrusão, mas há vários outros aspetos a ter em consideração. Resistirão ao impacto acidental de uma criança que corre freneticamente? Ou retardam a abertura indesejada por uma criança curiosa? Evitam que os dedos se entalem?  Há muitas questões que não são tão óbvias à primeira vista, mas são importantes e determinantes no dia-a-dia de uma casa com crianças.

 

Manutenção e durabilidade, que devo ter em conta?

A manutenção e durabilidade são cruciais. Questões como tempo de manutenção, a fácil substituição de vedantes, a baixa propensão à dilatação ou contração com as alterações climatéricas e o correto funcionamento dos rodízios, puxadores e mecanismos de abertura durante muitos e longos anos são essenciais para avaliar o custo / benefício do investimento que vai fazer agora para não ter que se preocupar depois.

 

Tudo isto é importante, mas o instalador é também essencial, certo?

De nada serve ter uma boa janela se não for corretamente instalada, é fundamental contratar um profissional competente e credenciado.

 

São estas as pequenas escolhas sustentáveis que devo colocar em primeiro lugar e que vão fazer a diferença, não só para a valorização do meu conforto, mas também para a valorização da minha futura casa.

 

 

Artigo de Massimo Forte publicado na bolsa de especialistas da VISÃO aqui

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