16 de Junho, 2021

Lisboa menina e moça

Massimo Forte

Para mim Lisboa é ….

A cidade das sete colinas, tal como Roma, com altos e baixos deliciando as vistas tal como em São Francisco com os seus elevadores e elétricos que tanto caracterizam a cidade.

Lisboa do rio e do mar, do sol e principalmente, da luz que apenas desvanece no curto e triste inverno, mas que se alegra logo no princípio de março trazendo esperança, felicidade e harmonia até aos dias ainda quentes de outubro que quase se aguentam até novembro.

Lisboa que ao contrário de Nova Iorque, a cidade onde nunca dorme, acorda e adormece às vezes cedo, às vezes tarde, deixando muitas vezes um silêncio único que convida à reflexão e ao descanso onde se maturam as ideias, as conversas de café e a criatividade de qualquer pessoa que necessite ou simplesmente se queira deixar levar pelas ruas.

Lisboa do mercado, do peixe saudável, do vinho branco de arinto, da bica quase italiana (e possivelmente única no mundo depois do expresso transalpino), e do pastel de nata homenageado em Belém pela inevitável canela que relembra a mistura de culturas e de história desta cidade.

Lisboa das igrejas, da praça magistral junto ao rio, da arte em cada canto. Lisboa da calçada portuguesa que estraga os saltos e o andar das mulheres mais e menos sensuais que passeiam pelo Chiado, mas que continua a persistir para refletir a sua identidade eterna e intransmissível. Lisboa, do museu de arte antiga, não desfazendo os outros.

Lisboa da feira da ladra, onde se aprende a negociar e vender enriquecendo a experiência de qualquer alfacinha na vida adulta onde podemos sempre voltar para relembrar técnicas e praticar com compradores reais que na maior parte das vezes são ocasionais e que também eles aprendem a negociar e comprar.

Lisboa das mais belas fronteiras como Sintra, Cascais e Estoril. Lisboa presenteada com um rio como o Tejo que é visitado hoje por golfinhos que insistem em ficar, um rio que junta duas cidades com duas pontes que marcam épocas históricas de Portugal, uma recente que nos leva à memória da abertura da cidade ao mundo com a Expo 98’ e outra, mais antiga e inaugurada em 1966, a pensar em tudo o que a cidade precisaria no futuro e na sua evolução procurando inspiração na sua gémea a Golden Gate nos Estados Unidos em São Francisco que serve igualmente de postal da cidade.

Lisboa do lioz, que merece um lugar de destaque em todas as bancadas das nossas casas que na frente espelham cores vivas como o rosa, azul, verde, amarelo para transparecer a alegria tímida por vezes das pessoas desta cidade.

Lisboa do futebol, sejam eles vermelhos, verdes ou azuis (curioso, as principais cores deste país).

Lisboa, dos seus bairros, das suas ruas, das suas janelas decoradas por mulheres contadoras de histórias e gatos, Lisboa dos becos que revelam surpresas e vistas da cidade inesquecíveis, Lisboa dos miradouros acompanhados de uma cerveja ao final da tarde, Lisboa das comunidades, das pessoas que hoje são cada vez mais heterogéneas porque a cidade acolhe diversidade, não fossem as suas pessoas hospitaleiras e com vontade de receber.

Lisboa da música, do seu fado único e da sua música popular que emerge nas marchas de Santo António, Lisboa que se deixa invadir por inspiração do jazz, bossanova, swing ou soul.

Lisboa a cidade onde eu como Italiano de Milão aprendi a viver, não por escolha ou opção, mas que hoje reconheço que é cada vez mais minha e cada vez mais uma cidade de pessoas para pessoas!

 

Texto de Massimo Forte publicado na revista da RE/MAX Forever

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