MÓNICA SILVA escreve para “COMUNICAR PARA VENDER”!
“Por diversas vezes me questionam como consigo gerir a minha vida de forma tão organizada, sendo mãe de 3 filhos (com 15, 6 e 5 anos), sozinha em Lisboa (a minha família está toda no Porto, de onde sou natural), broker de uma agência, agente imobiliário e formadora do mercado imobiliário tanto em Portugal como fora do País. Poderá parecer quase utópico mas asseguro-vos que é possível.
No início da minha carreira no sector imobiliário, enquanto agente imobiliário, por falta de conhecimento, maturidade, orientação…acabei por cometer alguns erros, permitindo que a minha vida fosse totalmente controlada pelos clientes e por tudo o que dizia respeito a esta atividade.
Nesta altura, o trabalho era a minha vida. Hoje – e tendo a mesma paixão que há 15 anos atrás – o meu trabalho apenas faz parte da minha vida. E esta mudança de atitude, fez toda a diferença no equilíbrio que consigo ter entre a vida profissional e pessoal.
Como quase todos os agentes imobiliários, inicialmente investia muito tempo com os clientes compradores. Tentava ajudar todos a comprar casa. Porque alguém que nos diz que quer comprar uma casa torna-se muito sedutor e por isso alocamos muito do nosso tempo a tentar encontrar a casa certa para essa pessoa.
O grande problema é que o comprador não tendo qualquer contrato de exclusividade connosco, poderá comprar um imóvel a qualquer outro agente. Muitas vezes as horas investidas em tempo, as expectativas que criamos, os custos associados….não se traduzem numa comissão. E estas situações aconteceram demasiadas vezes comigo.
Um dia, depois de muitas desilusões, decidi que a maior parte do meu tempo seria dedicado às angariações a preço de mercado (sempre em regime de exclusividade) e a compradores com a classificação A (sabem exatamente os locais onde pretendem comprar, o prazo será de compra imediata e com capitais próprios ou pré-aprovação bancária).
A partir daqui, tudo se tornou mais fácil e o meu tempo mais controlado. Os resultados, depois desta decisão foram extraordinários. No meu segundo ano enquanto consultora fiquei em 1º lugar na rede Remax em número de transações. Foram 84 imóveis transacionados, trabalhando sozinha, sem qualquer tipo de apoio administrativo.
A imensa publicidade que fiz à volta deste prémio que muito me honrou, fez com que definitivamente o meu negócio começasse a acontecer sozinho. O telefone tocava de forma desenfreada com clientes compradores e vendedores. E também colegas de todo o País a passarem-me referências.
Foi nesta altura que também fui convidada pelo Manuel Alvarez (CEO da RE/MAX Portugal) e pelo meu grande mentor Ângelo Fradera (Formador da RE/MAX Portugal) para ministrar o mítico curso “Sales Training” da RE/MAX. E que me permitiu desenvolver uma competência que eu desconhecia ter: a de formadora do sector imobiliário.
Foi também nesta altura que resolvi contratar uma assistente – extremamente competente – responsável por todo o trabalho administrativo (relatórios de acompanhamento, inserção de angariações, organização de documentação para escrituras, contacto com as entidades bancárias, preparação de estudos de mercado, etc).
O meu dia a dia era estar apenas com clientes compradores (A) e clientes vendedores.
Mais tarde, contratei uma assistente comercial, que acompanhava os compradores. Ou seja, a dado momento consegui que o meu tempo fosse apenas investido a fazer angariações. Andava maravilhada!
Delegar é algo que gosto e penso que consegui fazer bem. Analisei as competências e consultei a minha intuição (muito apurada, por sinal). Depois dei formação baseada nos meus métodos de trabalho para que a minha assistente fosse quase uma extensão de mim própria. E por fim – e muito importante – Confiei. Só desta forma foi possível continuar a aumentar os meus resultados e com muito menos esforço.
Temos de compreender que um primeiro ano na vida de um agente imobiliário, é um ano onde temos de gerir muito bem as nossas emoções – que estão associadas ao facto de termos ou não resultados. Muitas vezes inseguros, frustrados, desesperados, com falta de apoio familiar nesta nossa decisão de vender casas, lidar com o preconceito associado à atividade (foi para isto que andaste a estudar?)…não é nada fácil…e acredito que conseguindo sobreviver a esta fase, o futuro poderá ser muito promissor.
Se eu tivesse de escolher uma palavra para responsabilizar o sucesso que tenho na gestão do tempo, seria RESPEITO.
Respeito pelo meu tempo e pelo dos outros. Passo a exemplificar: começo a trabalhar às 9.30 e termino em média por volta das 18/19h. São sempre dias muito intensos. Mas não entro em casa sem ter retornado as chamadas todas. Não gosto de deixar assuntos pendentes. Sou extremamente focada – dizem que essa é a minha maior qualidade enquanto profissional. Concordo. Quando estou a trabalhar, nada me desvia do meu foco. A mesma coisa quando estou em lazer ou família – dificilmente um problema do trabalho, me tira a paz durante o fim de semana, por exemplo. Penso que aplico muito bem aquela que eu chamo “teoria da relatividade” – as coisas só têm a importância que nós lhes dermos…e afinal, de alguma forma, tudo acaba por se resolver!
Sempre que entro em casa, mergulho no meu mundo que hoje em dia é cada vez mais protegido. Sendo assim e salvo raras exceções, telefonemas ou trabalho em casa não existem.
A mesma coisa ao fim de semana. Terei de sentir que é muito urgente (pela insistência ou por ter recebido uma mensagem prévia nesse sentido).
Como tenho três filhos e normalmente estamos sempre todos juntos , para que se sintam especiais, organizo a minha agenda para almoçar individualmente com eles durante a semana. Eles adoram e sentem-se orgulhosos por terem um momento “só com a mãe”.
As atividades extra-escola faço questão de estar sempre com eles. E é importante eles verem que estou a acompanhar o que estão a fazer no momento (e não aproveitar para fazer telefonemas, por exemplo).
Quando é o fim de semana do pai, aproveito para estar com as pessoas amigas (e nessa altura, não atendo telefonemas!), ler, passear, ir ao cinema, sou apaixonada pelas áreas holísticas e desenvolvimento pessoal e por isso faço vários cursos e programas neste âmbito….faço pequenas viagens de fim de semana….ou simplesmente não faço rigorosamente nada!….é o que chamo o meu momento de mulher – que adoro.
Sempre foi importante para mim valorizar-me enquanto mulher, me sentir bem. Só assim consigo estar com energia e de sorriso no rosto para acompanhar os meus filhos no dia a dia.
No fim de semana em que estou com eles, dificilmente não tenho alguma coisa programada. Tento sempre fazer programas que eu sei que gostam. Tenho como missão criar memórias positivas dos nossos momentos em família…um dia quando forem crescidos gostava que sentissem orgulho na mãe que têm, que sempre faz tudo para tenham momentos divertidos em família. Este último Verão, por exemplo, passeamos no Tejo de Hippotrip, em Lisboa no Tuk Tuk, em Sintra passeamos pelos palácios nas charretes…e muitas outras atividades que nos permitiram guardar momentos maravilhosos.
Imagino-me velhinha, com os filhos, nora, genros e netos, à volta de uma mesa a recordarmos todos estes momentos. A vida passa rápido demais e o meu maior desgosto seria um dia acordar e sentir que não acompanhei o crescimento dos meus filhos.
Claro que para que eu possa ter esta organização familiar de forma tão cuidada, tenho de ter ajuda. A Glauci não é uma empregada, é como se fosse uma pessoa da minha família. O cuidado e amor que ela tem pelos meus filhos é absolutamente enternecedor. E cuida da minha casa de uma forma exímia. Está comigo há 6 anos, é o meu braço direito e acima de tudo minha confidente: sempre do meu lado nos bons e maus momentos.
Mas tudo isto também só é possível pelo facto de ter conquistado um conforto financeiro que me permite ter a vida que tenho atualmente. E esse conforto nunca teria conseguido se continuasse a trabalhar na empresa onde trabalhava antes da Remax: o ordenado dava para pagar contas mas não me permitia cumprir com os meus sonhos nem aumentar a minha qualidade de vida.
Os bons resultados que obtive enquanto consultora na Remax é que me permitiram ser convidada para formadora, mais tarde diretora comercial e por fim ter a oportunidade de ser broker de uma franquia. Costumo dizer que se conseguires ser um consultor de sucesso, nunca mais irás ficar desempregado na vida. As oportunidade irão surgir de várias formas.
O meu testemunho tem como objetivo fazer acreditar que no nosso mercado – tão competitivo e desgastante – é possível termos sucesso e sermos equilibrados a nível pessoal e familiar. Basta colocarmos regras na nossa conduta, na nossa forma de estar. Vai existir sempre alguém que não irá entender este rigor…faz parte. Cada um faz o seu caminho e teremos de respeitar. Nós apenas somos responsáveis pelo nosso caminho. Desde que passei a me priorizar, tudo na minha vida começou a fluir de uma forma diferente.
Massimo Forte, muito grata pelo convite e pela oportunidade desta partilha.
Mónica Silva, Broker RE/MAX GAP, Formadora e mãe.