24 de Abril, 2019

O imobiliário e a tecnologia | PropTech 3.0

Massimo Forte

O mercado imobiliário é o maior activo existente no mundo. Por exemplo nos Estados Unidos da América esta indústria contribui com 13% do PIB norte americano, representando 3,5 triliões de dólares. No mercado residencial transacionam-se cerca de 1,5 triliões de dólares resultando em 66 bilhões de dólares em comissões sobre a mediação imobiliária. Aqui encontra-se um dos motivos para que se considere esta indústria uma das maiores oportunidades para a tecnologia investir. Por outro lado é uma indústria até agora resistente à evolução tecnológica e científica. Os imóveis ainda se fazem com processos semelhantes dos de há 100 anos atrás.
Independentemente do cepticismo neste sector, existiram disruptores que se distingiram pela vanguarda.

Em três grandes marcos da evolução do PropTech temos o nascimento do PropTech, que começa no início dos anos 80 e se estende até ao ano 2000. Nesta fase, a era da Microsoft, as grandes empresas viram necessidade de recorrer á tecnologia para gerir portfolios imobiliários e operações contabilísticas de forma a terem mais e melhor informação acessível. O formato dos documentos era fechado, não havendo ainda a capacidade de partilhar entre pessoas ou máquinas com a facilidade de hoje em dia. Proporcionava sim ferramentas analíticas que visavam e resultaram numa maior quantidade de informação organizada e disponível. Temos como exemplo as empresas norte americanas Autodesk, Argus Software, Yardi, entre outras.

Outra fase, o “PropTech 1.0” evolui a partir do desenvolvimento da internet, entre 2000 e 2007. Empresas como a Zillow, Trulia ou Redfin viram sobretudo no mercado residencial uma enorme oportunidade para criar uma “loja virtual” (á semelhança de tantas outras já conhecidas de outras indústrias). Desenvolveram-se os portais imobiliários que se utilizam nos dias de hoje.

A terceira fase da evolução da tecnologia especializada no imobiliário, ou PropTech 2.0” surge quando o consumidor começa a interagir com o mercado através de ferramentas online e começa a dar preferência a plataformas interactivas. Este movimento caracterizado pela integração do cliente na escolha do produto veio abrir portas para empresas como AirBnb, Katerra ou WeWork desenvolverem plataformas inovadoras onde o proprietário e cliente interagem entre eles e acabam por fidelizar-se à liberdade de decisão quase sem intervenção humana. Este último facto representa para mim a razão pela qual na compra e venda de um activo o consumidor prefere sempre obter apoio profissional e humano. A decisão é geralmente mais comprometedora.

Agora grandes fundos de investimento apostam no que denominam PropTech 3.0. Analisando as maiores frustrações dos consumidores na sua interação com o mercado imobiliário existe um factor comum. Sendo esta indústria uma das mais complexas, o consumidor ainda tem de recorrer a vários serviços para resolver todas as suas necessidades imobiliárias.
Dando um exemplo comum, um casal que procure uma propriedade irá em primeiro lugar a uma entidade bancária, depois a um mediador ou promotor para selecionar o que pretende, possivelmente contrataria um advogado aliado à burocracia para adquirir o imóvel e os custos inerentes aos serviços pedidos, torna-se arcaico em relação á fluidez processual de outras indústrias.

Esta nova vaga deve focar-se na simplificação dos processos através da agregação dos serviços necessários, aliando essa vertente á análise constante de toda a informação disponível acerca dos hábitos dos consumidores.
Estão em desenvolvimento vários processos que visam facilitar a compra ou venda de casa a nível mundial, tendo sempre o objectivo de satisfazer o consumidor com transparência, segurança e comodidade.
O blockchain, os vídeos virtuais, as plataformas de Pre qualificação de crédito imobiliário, e a integração de plataformas sociais como Facebook ou LinkedIn estão vocacionados para a captação e análise dos comportamentos do utilizador de forma a desenvolver ferramentas que o satisfação e retenham ao nível da fidelização.
Muito se especula acerca desta nova era que emerge, mas uma coisa é garantida, tal como as outras eras que surgiram, está também vai modelar o mercado e distinguir os profissionais mais atentos. É cíclico.

Abraço,

Jorge Próspero dos Santos
Dynamic Referral System Corporation

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