30 de Junho, 2021

Olhos bem abertos antes de comprar a casa!

Massimo Forte

Há alguns anos atrás, poucos, escrevi aqui sobre o benefício das visitas virtuais.

 

Na altura parecia futurologista, decidir e até comprar casa através de uma visita virtual… muitas pessoas reagiram de forma positiva, mas houve também muita relutância associando esta tecnologia a tendências dos Estados Unidos que em Portugal (e na Europa), não teria a mesma aceitação, um pouco como os carros elétricos que apenas um pequeno grupo de consumidores experimentaram desde cedo, os chamados de early adopters. Mas se de facto alguns carros ainda hoje não passam dos 300 km de autonomia, a um ritmo bastante lento e demorando cerca de 1 hora para recarregar, já a mesma coisa não se pode dizer das visitas virtuais para compra de casa.

 

Bastou a realidade mudar para que o que já resultava, passasse a fazer cada vez mais sentido, com a pandemia as visitas virtuais de imóveis alcançaram o nível máximo de interesse e necessidade, servindo empresas de mediação imobiliária e consumidores, ou seja, proprietários e compradores, isto para não falar dos promotores imobiliários que passaram a ter uma forma mais dinâmica de apresentar o seu produto. O que era considerado um acessório, tornou-se numa necessidade extrema pela impossibilidade de se visitar fisicamente um imóvel durante um período de tempo.

 

As visitas virtuais oferecem uma tecnologia que permite ao potencial interessado visitar de forma virtual um imóvel, com toda a comodidade e através de qualquer dispositivo ganhando segurança, conforto, tempo e informação para depois decidir com mais calma e tranquilidade a compra da casa. Obviamente e na minha opinião, esta tecnologia não substitui na maior parte dos casos a visita física de validação final para a tomada de decisão de aquisição da sua casa, mas serve (e bem) para encurtar de forma assertiva todo o processo de decisão através de uma experiência muito para além da simples fotografia.

 

Se no tal artigo que escrevi há anos era difícil adquirir este tipo de tecnologia, hoje já não é assim. São várias as empresas que oferecem esta tecnologia ao mercado acompanhada de formação e assistência técnica, uma destas empresas é a Nodalview, empresa de origem belga que desenvolve a sua atividade em quase toda a Europa, e claro, em Portugal. Recentemente tive a oportunidade de experimentar todo o seu material para aquisição da minha nova casa que vai necessitar de obras e pude até fazer uma simulação do antes das obras e o depois, dando-me uma perspetiva virtual (para os que têm maior dificuldade em visualizar espaços) de como irá ficar o meu novo projeto, a minha decisão tornou-se mais rápida e mais fácil. É claro que não deixei de fazer a visita física, mas consegui ter uma melhor ideia do imóvel antes de o fazer.

 

As visitas virtuais abrem também novas portas à comunicação para trabalhar a atração ao nível da vivência do espaço, permitindo a construção de uma viagem do que poderá ser o dia a dia do comprador no imóvel e até, do que tem disponível ao seu redor sem que este tenha de sair do sofá onde está comodamente sentado, bastando apenas e depois, ligar ou mandar um email à empresa imobiliária que está a comercializar para marcar a visita e validar assim a compra de forma física, afinal, na maior parte das vezes compramos pela emoção e só depois justificamos a compra pela lógica, evidência que encaixa perfeitamente na utilidade das visitas virtuais.

 

Uma pequena e grande chamada de atenção, todo o processo só fará sentido se as visitas virtuais produzidas espelharem de forma autêntica, mas planeada, as características e benefícios que constroem o potencial da casa que estão a promover, caso contrário, o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro, ou porque criam uma ilusão dando falsas expetativas, ou porque não conseguem passar todo o potencial, seja por falta de formação de como se deve conduzir uma visita virtual, seja pela escolha errada da tecnologia e material de fotografia que estejam a utilizar, dois pontos cruciais para os profissionais de mediação que trabalham para que os seus imóveis sejam promovidos da melhor forma.

 

Acredito que as visitas virtuais são um forte aliado para ajudar pessoas a promover, comprar, vender ou arrendar casas dando-lhes uma visão nunca antes conseguida à distância num conforto que não conhece barreiras de tempo nem de espaço à distância de um click proporcionando uma escolha mais informada, mais célere e que beneficia todos os envolvidos pela maior transparência, menor tempo e inevitavelmente pela poupança de recursos que envolve a deslocação para uma visita física “às cegas”.

Artigo de Massimo Forte publicado na bolsa de especialista da VISÃO

Comentários (2)

Massimo Forte

02 de Julho, 2021

Caro João, agradecemos o seu comentário e contributo.

João Trindade

30 de Junho, 2021

Acredito que este é o caminho a seguir em qualquer tipo de vendas - através das visistas virtuais. Um aspecto negativo, na minha opinião, é o facto de que pouca ou nenhuma referência é feita, ou exigida" sobre o "estado" da propriedade - "full disclosure" - defeitos visíveis e não-visíveis. A quem atribuir responsabilidade se algo acontecer após a venda? Muitas renovações são feitas em casas antigas, e rurais, por "amadores", sem conhecimentos de integridade estrutural. A inspeção por um "perícia" não é exigida, e até é cara. De qualquer maneira, lá fora, a responsabilidade cai no proprietário - domo do edifício (casa)

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