24 de Outubro, 2016

UM MERCADO PEQUENO MAS EM GRANDE!

Massimo Forte

Ainda no rescaldo do passado SIL – Salão Imobiliário de Portugal, pude verificar um otimismo geral, e em específico na Mediação Imobiliária. Neste artigo quis resumir o que foi a minha perceção deste mercado, face ao que vi em anteriores feiras do SIL.

A Mediação Imobiliária ocupou possivelmente mais de 80% de área de exposição, refletindo nitidamente um otimismo que ainda se mantem baseado no cliente comprador estrangeiro, na escassez generalizada de produto novo, no aumento das comissões, e sobretudo, no desenvolvimento das localizações prime do país (Lisboa, Porto e Algarve).

Pude verificar um aumento da presença de Agentes Imobiliários, não só patente nas grandes marcas internacionais, mas também nas pequenas empresas tradicionais. Infelizmente, a maior parte destes profissionais está apenas focado no cliente comprador, no facilitismo dos procedimentos, e principalmente, na procura de dinheiro fácil quando de facto esta atividade é lucrativa, mas a médio e longo prazo e apenas quando se tem um propósito concreto, bem definido e apoiado com num grande investimento em qualificação e prática.

Os bancos estiveram presentes mas em segundo plano, sendo que se notou nitidamente um aumento de interesse por parte do consumidor final, para perceber se já tinham finalmente condições para comprar, e até onde poderiam ir ao nível do montante a emprestar, havia inclusive stands onde se faziam filas para obter esta informação. Neste setor, foram os bancos estrangeiros que dominaram e vão dominar cada vez mais esta quota de mercado, pois além de bem posicionados, têm a suposta liquidez para oferta do produto crédito habitação.

De salientar a atividade crescente no segmento médio alto e alto, de facto está a tornar-se num mercado cada vez maior, com mais mediadoras especializadas, e também com a presença de alguns promotores.

Os leilões, sempre habituais no SIL, correram bastante bem com médias de licitações acima dos 75% nos 2 dias que atuaram, indicando que ainda existe procura para produto oriundo da banca, mas sobretudo, para localizações fora dos grandes centros.

As empresas de tecnologia estiveram quase todas presentes para promoção de soluções para o mercado da Mediação Imobiliária, notei que estão a aproveitar este bom momento no nosso mercado, veja-se pelo upgrade dos sites que oferecem acima de tudo sistemas de CRM e ainda os respetivos portais, embora também houve quem ousasse apresentar um Sistema de MLS – Multiple Listing Services, fornecendo para além do expectável a gestão deste, será que é desta?

O resto do Salão compunha-se com empresas satélites de serviços, desde formação, materiais de construção, fotografia, seguros, associações, entre outras.

O país é de facto pequeno, o mercado é inevitavelmente reduzido estando alavancado por um investimento estrangeiro que está focado nos benefícios fiscais, o que leva um aumento da especulação provocado pela escassez de produto, o que está definitivamente a elevar os preços dentro dos grandes centros de forma pouco sustentada e consolidada. Como destaque retenho o interesse do cliente nacional, esse sim precisa mesmo de habitação e esse sim pretende investir no seu país, visto que os produtos financeiros não oferecem grandes alternativas, e nesta fase, com o apoio da banca ao nível do crédito à habitação, será com certeza a futura aposta da maioria dos players no nosso mercado, pois os investidores estrangeiros serão cada vez menos, e cada vez mais voláteis.

Artigo publicado na Vida Imobiliária.

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