07 de Junho, 2023

A realidade é um ponto de vista – Artigo de opinião Tiago Vaz de Almeida

Massimo Forte

Ao longo dos últimos anos, o ambiente de concorrência entre os grandes franchisings de mediação imobiliária ficou mais duro.

Um dos fatores que mais contribuiu para o aumento da pressão foi na minha opinião, o recrutamento.

Sendo o recrutamento um dos muitos fatores críticos de sucesso para quem detém este negócio, vou centrar-me no que deve um consultor esperar ouvir de uma estrutura que o convenceu que a atividade de mediação imobiliária, seria uma boa atividade profissional, uma oportunidade de mudar de vida, ou uma forma de ter controlo sobre o seu tempo e rendimentos.

Em jeito de provocação, vou começar por falar sobre o que os grandes franchisings afirmam ser as suas grandes vantagens para o consultor:

  1. O legado na liderança da indústria mundial é por si só uma proposta de valor;
  2. O que ajuda o consultor é trabalhar com a marca mais conhecida do mundo;
  3. Trabalhar na maior rede ou agência é o verdadeiro valor para o consultor;
  4. Os modelos e sistemas superam toda e qualquer outra forma de catapultar a atividade do consultor;
  5. Mais recentemente, a tecnologia resolve os desafios do consultor e promove uma nova forma de trabalhar porque o futuro da mediação é a sua “uberização”.

Dos 5 pontos acima referidos todos podem ser verdade e também, em alguns casos, todos podem ser muita publicidade…

O que vou sentindo desde que comecei em 2006, é que os esforços de venda de franchising, e o esforço aplicado ao recrutamento é tão intenso, que deixou de se olhar e respeitar os fundamentos do que considero um “negócio sustentável para todos”.

Uma ideia promovida por pessoas que gostem da indústria que cativam de forma transparente boas pessoas e que são motivadas e treinadas para criar uma atividade sustentável como bons profissionais/prestadores de serviços e que por isso podem potencialmente angariar e vender muitos imóveis.

Chamem-me romântico, mas um “negócio sustentável para todos” é a energia que me cativa quer esteja no papel de consultor, de broker, de administrativo ou de recrutador.

Mas mesmo feroz, o mercado vai andando crescendo e evoluindo.

Se é verdade que a competição gera melhores profissionais, também é verdade que quando os modelos de negócio ficam muito homogéneos se começa a assistir ao surgimento de mitos de forte raiz publicitária e muitas vezes ilógicos.

Um deles, e admito que fiquei surpreendido, é o mito que nos apercebemos logo no início do nosso projeto: as marcas por si só (pelo menos desde 2015), não geram mais contactos de angariações para o consultor.

É uma afirmação generalista, construída em cima de grandes números e com nenhuma adesão à realidade do negócio individual do consultor. Temos esta experiência e centenas de casos que apoiam a nossa opinião.

Outra aprendizagem é que nenhum modelo e sistema é vencedor por si.

Tenho a crença de que qualquer modelo e sistema é válido se for pensado e promovido por boas pessoas, com boas características de liderança, e no nosso contexto, com gosto pela atividade e espírito de serviço.

Diz-se que nas folhas de excel, nos diagramas e na publicidade, o mundo é sempre perfeito.

Mas a realidade acontece todos os dias e a todos os minutos, e são as pessoas com quem trabalhas, a tua equipa, que te dá segurança, motivação e confiança para agires e até para usares as ferramentas que te propõem para te apoiar.

Outras aprendizagens que gosto de partilhar sobre a actividade de mediação e que também gosto de debater:

  • A qualidade interessa tanto quanto a quantidade. Sim o mercado é competitivo, é exigente, está baseado em “recrutamento infinito”, mas podemos ter duas variáveis em vez de uma;
  • Lideranças honestas e com espírito de missão, que partilham conhecimento e que levam os consultores a agir, geram sempre boas equipas. Esqueçam o chefe, o patrão e o Diretor Comercial; sim na minha opinião, esqueçam a figura do Diretor Comercial.

Subscrevendo a tagline do Massimo Forte, este negócio é um negócio de “Pessoas para Pessoas”, seja qual for a marca, modelo ou sistema.

Tiago Vaz de Almeida, Homebook Portugal

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