15 de Dezembro, 2021

10 Anos de Mitos sobre Home Staging por Rita Miranda Presidente da APHS

Massimo Forte

Fez 10 anos que o Home Staging entrou na minha vida para nunca mais sair.

Em Novembro de 2011, numa das minhas viagens aos Estados Unidos, conheci este conceito que mudou a minha vida profissional. Quando voltei para Portugal, vim à procura de um lugar onde pudesse aprender como fazer Home Staging e procurei, procurei, procurei e não encontrei rigorosamente nada. Se hoje já se começa a falar de Home Staging, há 10 anos atrás ninguém queria sequer ouvir falar sobre isso. Acabei por decidir aprender com uma empresa norte-americana visto que o conceito do Home Staging nasceu nos Estados Unidos e por isso optei por “ir beber à fonte” directamente. 10 anos passaram e muito mudou no nosso mercado nacional, foram 10 anos de muito trabalho a ensinar o mercado imobiliário o que realmente é o Home Staging.

Tomei como minha missão mudar o mercado nacional imobiliário e ao mesmo tempo, que fazia projectos de Home Staging, senti que deveria ajudar a mudar a mentalidade dos consultores imobiliários portugueses.

Durante estes 10 anos, tive que lidar com mitos que se criavam à volta deste conceito, por isso trago-vos alguns dos principais mitos sobre o Home Staging:

1º mito – o primeiro mito que tive de lidar para quebrar barreiras é que o Home Staging é uma tarefa de mulheres. Algo que me irritou solenemente pois era sinal que continuávamos numa mentalidade machista que continuava a manter a mulher como dona de casa e na cozinha. Por incrível que possa parecer, em pleno século XXI, continuava a ter nas minhas formações muitos consultores imobiliários a fazer esses comentários. Mas 10 anos depois, posso dizer que são cada vez menos os que fazem estes comentários, no entanto, continua a existir uma grande fatia do mercado imobiliário que pensa o Home Staging como parte da decoração de interiores por isso associa a algo mais feminino e chega mesmo a desprezar o poder que a encenação do imóvel pode e tem no negocio imobiliário. Quando oiço algo relacionado com este mito, faço sempre a comparação com o mercado automóvel, pois há dezenas de anos que em Portugal se faz a encenação dos automóveis novos e usados. E aí ninguém coloca em causa que um carro deve ser limpo, organizado e preparado para ser colocado num stand automóvel e ninguém diz que é uma tarefa de mulher. Sempre que pensarmos num bem, seja ele automóvel ou imobiliário, não devemos pensar se é uma tarefa de homem ou mulher, mas sim num bom profissional que deseja vender o seu produto de uma melhor forma no mercado.

2º mito – o segundo mito que encontrei é que, qualquer decorador/arquitecto ou designer sabe e tem competências para fazer Home Staging. Não, não sabe. Eu posso dizer isto com conhecimento de causa pois eu também sou decoradora de interiores e são princípios quase contrários. Enquanto que a decoração vai personalizar um espaço à imagem de um cliente, o Home Staging vai despersonalizá-lo. Logo quem sabe utilizar a decoração, não sabe forçosamente fazer o Home Staging, pois este último requer um conhecimento do mercado imobiliário. E não sou apenas eu que vos digo, a própria criadora do conceito na década de 70 do século XX, Barb Schwarz, afirma que não é a mesma coisa, por isso só um Home Stager sabe realmente utilizar o Home Staging como técnica para vender os imóveis mais depressa. O que infelizmente acontece neste nosso mercado nacional é que, muitos decoradores, arquitectos e designers por não terem trabalho nas suas áreas, invadiram o mercado imobiliário, fingindo saber a essência do Home Staging. Só um Home Stager Profissional sabe preparar um imóvel para o mercado, encená-lo de acordo com o estudo do mercado imobiliário, algo que se aprende quando se faz esta especialização em Home Staging. Quando estudamos com quem realmente sabe, aprendemos a fazer da forma certa.

3º mito – o terceiro mito é que o Home Staging é algo muito caro e que serve apenas para os imóveis considerados de luxo. Nada podia estar mais longe da verdade, pois esta técnica foi desenvolvida para trazer valor a imóveis que necessitavam de uma apresentação melhor no mercado e que nada tinham de luxo. Esta técnica de marketing interno do imóvel está assente em princípios de reutilização e de máxima poupança entre muitos outros e é por isso que devemos sempre manter o investimento o mais baixo possível, dentro daquilo que é considerado razoável para o valor de mercado do imóvel em si. A questão do investimento passa a ser vista de uma forma exagerada quando são profissionais não qualificados que executam o Home Staging, como decoradores, arquitectos e designers, cujo pensamento que têm nunca é a máxima poupança e a reutilização como ponto de partida. Um imóvel de apenas alguns milhares de euros necessita tanto do Home Staging como um imóvel de vários milhões de euros. A diferença é que um home stager profissional sabe preparar tanto um como outro enquanto que os outros profissionais que fingem saber Home Staging, só sabem trabalhar quando têm um orçamento bem razoável para o fazer.

4º mito – O quarto mito é quando se ouve alguém dizer “Eu sempre vendi imóveis sem Home Staging e por isso não necessito de fazer, porque os meus imóveis continuam a ser vendidos”. Estamos perante uma mentalidade pequena e que não quer evoluir no mercado e acha que não precisa de se actualizar. Claro que se vendem imóveis sem Home Staging, como existem negócios que não necessitam de um telefone ou internet para funcionar mas o potencial de crescimento diminui drasticamente quando comparados com os negócios que têm essas ferramentas. É necessário olhar para o Home Staging não como algo fora da caixa, mas como uma técnica imprescindível nos dias de hoje, de marketing puro e duro. Num mundo globalizado como o nosso, é necessário saber todas ferramentas para prestar um melhor serviço ao cliente, um serviço diferenciado e actualizado ao século XXI.

Existem muitos outros mitos à volta do Home Staging, mas se tivesse de escolher apenas mais um, seria que o Home Staging é para ser utilizado em imóveis vazios. Não, não é, e quem é home stager profissional sabe bem disso pois o Home Staging que se faz nos imóveis onde ainda habitam os proprietários, tem um impacto gigantesco no valor em que o imóvel será transacionado. A forma como esta ferramenta tem impacto na visualização dos imóveis vai aumentar substancialmente o número de propostas que os imóveis vão receber e sem dúvida, se o Home Staging é importante para os imóveis vazios, torna-se imprescindível para os imóveis ocupados.

Ao longo destes últimos 10 anos, sinto que há ainda no mercado nacional um desconhecimento profundo sobre o que realmente um home stager faz e infelizmente, considera-se uma actividade que pode ser realizada por qualquer pessoa ou por qualquer actividade relacionada com os interiores.  Por isso, como forma de defender os home stagers portugueses, acabei por criar, juntamente com outras home stagers, a APHS, Associação Portuguesa de Home Stagers, que traz apoio, ajuda e credibilidade para quem realmente deseja contratar profissionais verdadeiramente certificados para fazer o Home Staging. A APHS também faz parte da associação europeia criada pela Barb Schwarz, e é a única a nível nacional a ter uma certificação que habilita a formar outros home stagers, no seu curso intensivo de 3 meses.

No próximo mês de Janeiro celebram-se 50 anos que o Home Staging foi criado e a convite da Barb Schwarz, serei a embaixadora para a celebração do dia! Em breve, poderão consultar mais informações no nosso site da APHS.

Artigo de Rita de Miranda, Presidente da Associação Portuguesa de Home Stagers – APHS

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