21 de Março, 2022

“What you see, is what you get”

Massimo Forte

As redes socias são um fenómeno.

Revolucionaram a forma como interagimos e comunicamos com os outros e com o que queremos que faça parte do nosso mundo e hoje fazem definitivamente parte das nossas vidas.

Para a maioria, já não há dúvidas quanto a este facto e hoje o termo infoexcluído já não se aplica nem às pessoas com mais idade como acontecia há poucos anos.

Vejamos, um dia na minha vida que não será muito diferente do seu!

No outro dia tinha uma reunião com almoço num restaurante muito conhecido da cidade de Lisboa.

O convite do meu cliente foi feito por Whatsapp, verifiquei onde era o restaurante através do Google e aproveitei para espreitar o Instagram para avaliar o espaço e principalmente a opinião das pessoas sobre a experiência que tinham tido.

No dia do almoço esqueci-me que um dos nossos filhos vinha almoçar a casa, já no carro e com o Waze ligado, acabei por encomendar uma entrega através da Glovo e avisei o meu filho por Whatsapp.

Quando cheguei ao restaurante encontrei lugar à porta (muita sorte) e sem hesitar usei a app da Via Verde para pagar o estacionamento, ao mesmo tempo a Glovo avisava-me que a encomenda tinha sido entregue ao meu filho.

Avisei o meu cliente que tinha chegado ao restaurante via mensagem no Linkedin e quando nos receberam verificaram a reserva virtual feita na aplicação deles e acompanharam-nos até à mesa reservada.

No final do almoço postei uma foto no meu Facebook e Instagram para dar novidades sobre mais uma nova parceria!

Mas onde entra aqui o ramo imobiliário?

Imaginemos que eu era um Agente Imobiliário (já fui!) e imaginemos que a minha mulher trabalha comigo em equipa (por acaso trabalha, mas não como Agente!), este almoço com um cliente meu devia ser publicado nas minhas redes sociais?

Se sim, como? E em que rede?

Vejamos:

– Com quem vou estar a comunicar? Amigos, fãs, parceiros, clientes, followers, haters…

– O que lhes vou dizer?

– Faz sentido comunicar a minha mensagem em todas as redes? Afinal, cada uma tem o seu ecossistema!

– O que pretendo com a minha comunicação? Quero partilhar o meu dia, mostrar o meu sucesso ou vender algo direta ou indiretamente?

Começando pelo final.

As redes sociais hoje são trabalhadas na sua essência para criação de visibilidade, notoriedade, interação, feedback e claro, para obtenção de leads. No mercado imobiliário, são usadas exatamente com o mesmo objetivo.

As pessoas podem procurar um Agente Imobiliário ou uma empresa através da rede social (ou redes) com que interagem para explorar e validar a pessoa ou a marca para saber quem é, o que oferece, como interage, o que gosta, como trabalha, que resultados tem e claro, o que dizem dele ou da marca.

São ainda utilizadas para promover imóveis ou serviços utilizando os anúncios que vão aparecendo no feed de cada pessoa em função da informação que colocamos nos nossos perfis e das interações que temos para construção de um funil de contactos.

Cada rede é como se fosse uma montra diferente e em cada uma há uma linguagem a respeitar para se destacar, para ser relevante e especialmente para ser compreendido e levado a sério como pessoa credível sobre o que se propõe fazer.

É na última parte que deve centrar a forma como comunica para evitar incongruências ou erros de comunicação que possam levar a que os contactos certos não surjam.

Acima de tudo, seja autêntico.

A autenticidade tem para mim uma ligação direta com o grau de confiança e credibilidade que é capaz de construir de forma coerente e consistente.

Ser autêntico é demonstrar aquilo que somos, contudo é diferente de ser transparente, não será necessário colocar toda a nossa vida nas redes sociais ou tudo o que pensamos como Agentes Imobiliários, tem de colocar o que faz sentido para si como marca e para as pessoas que pretende atrair.

Para não fugir do tema, o meu post com o almoço com o meu cliente para mim, fazia sentido postar algo que era da esfera privada, mas que me senti à vontade para partilhar na minha esfera social e pública

Deixo-lhe abaixo a minha opinião sobre o que procuro postar nas minhas três esferas: a pública; a social e a privada.

Pública

  • Momentos que os outros podem conhecer ou já conhecem sobre nós;
  • Momentos em que estamos na disposição de nos darmos a conhecer;
  • Maneira e forma que costumamos comunicar com os outros;
  • Momentos que decidimos expor, a primeira permissão é sempre a nossa.

Social

  • Momentos mais restritos e individuais e que apenas alguns grupos conhecem sobre nós mas que queremos partilhar;
  • Momentos onde estamos mais à vontade e descontraídos, e que por isso espelhamos mais daquilo que nós somos, por vezes até de forma inconsciente e involuntária;
  • Momentos que podemos não querer expor de forma generalizada e apenas queremos partilhar se for relevante para quem nos segue ou em alguns grupos restritos já disponíveis em quase todas as redes.

Íntima

  • Momentos em que as outras pessoas não conhecem sobre nós. Nós sabemos quais são estes momentos e temos a consciência que são só nossos, no entanto podem ser partilháveis com pessoas muito próximas ou com a nossa comunidade se fizer sentido;
  • Situações que não partilhamos de forma geral como: medos; conflitos; sonhos, entre outras. A decisão é sempre nossa e deve ser sempre tomada de forma consciente e em linha de quem somos e como comunicamos.

Cada caso é um caso, mas a consciencialização da sua exposição nas redes socias como profissional é um tema que deve ser levado a sério para saber traçar uma linha de comunicação que faça sentido para si e para o seu público.

As pessoas têm tendência de procurar pessoas e negócios com quem se identificam, tenha por isso todo o cuidado de verificar o que vai comunicar na sua rede e quais são os seus limites públicos, sociais e íntimos.

E não se esqueça, a frase “what you see, is what you get” pode validar a sua autenticidade, ou pode deitar por terra quem o fica a conhecer num contexto da vida real.

Artigo original de Massimo Forte para bolsa de especialistas da VISÃO aqui

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