22 de Junho, 2022

Os super-heróis também erram

Massimo Forte

Comecei a dar formação como uma oportunidade e necessidade que surgiu em determinado momento da minha carreira, por isso não me considero um formador por natureza, ou seja, por vocação inata.

Possivelmente, muitas das pessoas que estão a ler neste momento este artigo, identificam-se com o que acabei de afirmar.

Gostava de partilhar o que sabia e aprendia com outros e fui aprendendo a dar formação desde o momento em que comecei a liderar equipas e senti a necessidade de os elevar o mais possível.

À medida que aperfeiçoava a partilha do meu conhecimento e experiência, senti a clara necessidade de me formar para dar formação. Tirei o CAP – Certificado de Aptidão Profissional para formadores e aprendi com outros formadores todas as técnicas essenciais para a tomada de consciência do que fazia mal, e também, do que fazia bem! Esta tomada de consciência permitiu-me uma melhoria substancial na forma como comunico e enraizou em mim hábitos de preparação e treino que ainda hoje sigo e desenvolvo todas as vezes que dou uma formação, mesmo que a tenha dado mais de 100 vezes.

Costuma dizer-se que a prática faz o monge, e não há dúvida de que os milhares de horas de formação que já dei durante este meu percurso, criaram em mim variadíssimas competências que utilizo de forma inconsciente em todas as formações que ministro, contudo, este estado competente inconsciente leva-me muitas vezes ao erro que reconheço depois de ponderar sobre a minha prestação, nem sempre é possível e nem sempre é percecionado, por isso é que o feedback de quem assiste é tão importante para se conseguir corrigir no futuro próximo.

Muitas são as atitudes e técnicas que ditam o sucesso dos resultados de um formador ou de um speaker, mas um dos fatores críticos e mais importante para fazer bem o seu trabalho e cumprir a sua missão, é o seu estado emocional quando começa uma formação.

Também o contexto onde é dada, e ainda o rapport ou a relação que consegue construir com a sua plateia, condicionam o êxito ou fracasso da sua comunicação.

Possivelmente, também reconhece esta evidência, certo?

Mas a verdade é que de pessoas que comunicam e tratam com pessoas todos os dias, é esperado que estejam sempre no seu melhor, principalmente quando são vistos como uma autoridade, ou porque já deram provas de ser excelentes comunicadores noutras situações.

As expectativas são altas e as falhas são cruelmente inadmissíveis.

Vejamos, um formador profissional, como qualquer outro profissional que trata com pessoas de forma séria, forma-se, prepara-se e treina, mas mesmo assim, erra.

Saber encarar o erro como natural e inevitável para quem trabalha como formador, é tão importante como ter a humildade de o reconhecer autonomamente ou pedindo feedback.

O importante é:

  • Gerar uma ação positiva de algo negativo e corrigir;
  • Saber lidar com emoções negativas e evoluir para servir melhor os outros.

Nos seus dias de menor inspiração, ou num dia que sentiu que errou pense nisto… Não existem super-heróis, existem pessoas, as pessoas erram e errar é humano!

Artigo original de Massimo Forte para a bolsa de especialistas da VISÃO

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